sábado, 17 de novembro de 2012

Pensamento fashion para simplificar


"O preto simplifica...além de parecer mais bem-feito, o preto também sempre parece um pouco mais caro",
Costanza Pascolato em "Confidencial"

Fim da linha: os sneakers estão em liquidação


É assim desde que o mundo é mundo. Desde que a moda é moda. Uma novidade aparece ainda na passarela com jeitão exclusivo. Nas vitrines, ainda é cara. Só a vimos entre os formadores de opinião. Em seguida, a boa nova passa por algumas modificações e cai no gosto dos fashionistas. A partir daí, populariza-se. Está em todas as vitrines, com modelos para todos os bolsos e gostos. Quando isso acontece, o formador de opinião, que ajudou a lançar esse gosto, já abandonou tal moda porque há uma produção em massa, todos se apropriaram dele. E aí, seis meses depois, em média, aquilo que todo mundo desejou e amou está em liquidação. Não adianta chorar: esse é o fim da linha, o fim do ciclo da moda. Pois é, como aconteceu com as calças de cintura baixa, com as de cós largo, com as baggy e semi-baggy (Jesus, como pudemos?), com os vestidos trapézio, com as estampas liberty, a pochete (obrigada, obrigada, obrigada), as ombreiras e tantas outras coisas que é melhor nem lembrar, os tênis apelidados de sneakers estão prestes a sair de circulação.
Na Oscar Freire e nas lojas de comércio popular, nas fast fashion e nas grifes descoladas, os tênis de salto alto estão em promoção. Sim, juro que vi modelos que eram vendidos a R$ 300 por R$ 79,90. Nada mais triste para uma tendência do que ser vendida por R$ 79,90 e ainda ficar em uma prateleira em destaque, com aquele jeitão de “por favor, me leve para casa”. Quase dá para ouvir um lamento triste. Sim, os sneakers perderam espaço para as coleções de alto-verão, que já desembarcaram solares e coloridas nas lojas.
Confesso que os sneakers não fizeram minha cabeça. Nada contra eles, pelo contrário. Acho demais quem sabe (soube) combinar de uma maneira cool, mas sei que não são para mim. Salto na minha cabeça ainda é sinônimo de scarpins e sandálias de tiras (tomara que seja assim para sempre). Na semana de moda do começo do ano, as tops todas usavam sneakers. Estavam lindas e descoladas que só elas, mas, pelo jeito, na próxima Fashion Week, em março, vão advogar por outra causa fashion. Se nada acontecer, algo como uma renovação daquelas, os tênis de salto alto vão entrar para o hall das modas que passaram e que não conseguiram entraram para a seleta lista dos clássicos, aqueles que nunca desaparecem, viva o jeans e o batom vermelho!
Pode ser que demore mais uns meses para que os sneakers entrem na lista “so last season”, mas o lamento triste dos modelos que vi nas prateleiras de liquidação tocou meu coração. Confesso que um dia, enquanto aguardava a vendedora me trazer um par de sapatilhas para provar, aproveitei que um par de tênis de salto repousava feliz perto de mim. Olhei para os lados e não tive dúvidas: provei. Precisava saber o que tanta gente via neles. Um segundo depois, mesmo sem ter tido um sneaker para chamar de meu, entendi: eles são seguros, altos, quentinhos e confortáveis. Em outras palavras, irresistíveis. Por isso, entendo o lamento dos tênis que nesse momento são negociados por um terço de seu valor original. O que posso dizer? Obrigada por tudo, descansem em paz e não desçam do salto, jamais! 

domingo, 11 de novembro de 2012

São Paulo Fashion Week, Fashion Rio e suas ausências


Look do sempre incrível desfile de Gloria Coelho
Foi mais ou menos aquela maratona de sempre. Coladas uma na outra, a São Paulo Fashion Week e a Fashion Rio ocorreram pela primeira vez em novembro, mudança de data causada pela alteração no calendário da moda brasileira a partir deste ano. Até aí tudo bem: tivemos muitos desfiles – ainda que com um calendário reduzido de apresentações -, algumas boas surpresas na passarela e aquele típico burburinho nas cidades por causa do vai e vem fashion das semanas de moda – aquela coisa de top que passa poucas horas no Brasil e a gente adora saber tudo o que ela vai fazer por aqui. Mas, além disso, SPFW e Fashion Rio foram ausências.

Ausência de atitude de algumas grifes, que apostaram descaradamente em tendências do passado, ainda que isso não tenha resultado em peças desinteressantes, mas assim, poucas trouxeram à passarela aquela novidade que salta aos olhos assim que o desfile começa. Ausência da Neon, que sempre traz um colorido e uma graça. Ausência (ou drástica redução) de famosos bacanas nas primeiras filas – em São Paulo, com a mudança para o Parque Villa-Lobos, os lounges sumiram e com eles os rostos conhecidos. Ausência doída do prédio da Bienal, onde tudo parece fazer mais sentido. Ausência de coragem da TNG em bancar a virgem de Santa Catarina em seu desfile, desistindo da participação da menina que leiloou a virgindade na internet horas antes de o desfile começar. O motivo? A reação negativa causada pela notícia. Impossível ser mais careta. Ausência de cortesia, quem esteve por lá sabe do que estou falando.
Mas assim, a ideia não é julgar, porque julgamentos, além de erros certeiros, são burros e fora de moda. A ausência, de repente, sinaliza uma mudança de rumo, de proposta, prefiro pensar. Quem sabe a busca por algo novo? E buscar algo novo é o sentido mais importante da moda. Que as ausências se revelem menos importantes do que possam parecer e que venham as semanas de moda de março, já pensadas para esse novo calendário. E beijo para todas as tendências que não emplacaram na passarela - e na vida! 

Pensamento fashion pós semanas de moda

"A mulher deve ser crisálida durante o dia e borboleta à noite",
Chanel, claro