sábado, 24 de agosto de 2013

Palmas para a campanha da Prada com Christoph Waltz

Um belo trabalho. Apenas.



Mudanças


Dia desses, mudei o caminho de volta para casa. Não porque ele ficaria mais curto ou mais rápido, mas porque seria diferente. A urgência em fazer algo que não trouxesse lembranças ou qualquer outro sentimento prévio veio no ir e vir de dias e semanas em que a única coisa que se quer é que algo mude (para melhor, por favor). E foi justamente assim, em um ambiente ainda pouco familiar, que vi nas ruas o boné usado de uma forma que eu só havia visto na cabeça do Neymar e de tantos outros jogadores de futebol: suspenso na cabeça, criando um volume extra, como quase que não querendo estar ali. E eram tantos os meninos com o mesmo estilo que acabei me lembrando do João. 

Reprodução/Instagram

O João era um garoto bem alto, magro e que amava jogar basquete lá pelos anos 1995. Estudávamos na mesma escola, e eu era apaixonada por ele e pela cor que seu rosto ganhava após horas de jogos infinitos. Sem nunca ter ouvido a voz do João, eu admirei primeiro a maneira simples com que ele se vestia. Era sempre calça jeans e camisetas lisas, principalmente as brancas e pretas. Ele combinava tudo de uma maneira de a calça estar sempre quase caindo, embora segura por um cinto. Nos pés, ele tinha tênis próprios para as muitas horas que ele passava nas quadras de esporte – ele parecia matar todas as aulas para comparecer a todas as de educação fisíca do colégio. Fechando o visual, que me parecia de um bom gosto incrível, ele usava um boné, virado com a aba para trás. Nem preciso dizer que achava aquilo tudo lindo. Acho que foi ali que entendi que não era o dinheiro, muito menos a noção de estilo, que fazia de um homem (menino) um cara interessante. Ele era interessante. Ah, a camiseta branca do João nunca saiu da minha cabeça, assim como a maneira que ele usava o boné. 

Hoje, por aqueles meninos do boné à la Neymar, ele seria visto como um ponto fora da curva, um sujeito por fora do que é legal. Nessa viagem toda, pensei nas mudanças. A primeira delas é que atualmente acho terrível o uso de boné, não há desculpa fashion que alivie um crime desses. A segunda, que o legal parece ser mesmo usar o acessório de maneira que ele não tenha quase que sua função original, que é ficar ali, plantadinho na cabeça, e não com jeitão de querer sair voando por aí. A terceira, bem, essa é sobre a mudança em si. Uma só alteração no caminho de voltar para casa é capaz de trazer encontros inesperados com bonés suspensos e memórias que já pareciam esquecidas. Se a maneira de usar o boné mudou, imagine todo o resto. Só para constar: o João deixou a escola após todo mundo ficar sabendo que a namorada dele havia ficado grávida. Nunca mais se ouviu falar dele, muito menos ele foi visto por aí. Mais uma daquelas mudanças e tanto da vida que deixam qualquer alteração no modo de usar o boné no chinelo.


domingo, 18 de agosto de 2013

Um passo


Quando a vida anda difícil, complicada mesmo, e nada parece fazer sentido, a gente, ou parte da gente, se desliga. Tudo fica desinteressante. As músicas sem graça se tornam mais chatas, as novelas ficam quase insuportáveis e as comédias românticas parecem verdadeiras maldições das quais não escapamos em um domingo frio e chuvoso (evitar o Telecine Touch é sempre o melhor a se fazer, fica a dica). No meu caso, a ausência de algo (ou alguém) e a tristeza sempre se materializam na falta de vontade de comprar qualquer coisa que seja para mim – menos livros e revistas, claro. Preciso de uma bota há tempos, o inverno veio e com ele uma dor funda que simplesmente não me deixa entrar em uma loja de sapatos e me deleitar como eu sei que faria em outros tempos. Necessito igualmente de um scarpin e de uma sapatilha. Mas cadê a coragem de entrar no templo mor da felicidade se sentindo a última das mortais? Não dá, simplesmente.


Já conformada com essa paralisia fashion, entrei por acaso, assim sem qualquer objetivo, em um shopping de São Paulo. E mais uma vez parecia que a única coisa a me conquistar ali seria um café duplo bem forte. Mas qual não foi a minha surpresa ao quase provar uma saia na Topshop? Não demorou, resolvi não só experimentar uma saia e uma calça em outra loja como acabei saindo com as duas em uma singela sacolinha. Pode parecer bobagem para uns ou algo banal para outros, mas a verdade é que ali eu dei um passo. Apenas um, não foi um salto, nada disso. Mas um passo em direção a mim mesma, um passo rumo a algo que nem sei exatamente o que é, mas um passo que me deixa um pouquinho mais longe dessa tristeza toda. E é de passo em passo que se faz um caminho. E, no meu caso, compra-se o que é preciso.

Pensamento fashion para começar a semana com a autoestima no lugar











"Podem dizer o que quiserem de mim, mas não podem negar o meu talento. Isso o público tem que engolir", Dener Pamplona de Abreu (1936-1978)



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Pensamento fashion para um quase fim de semana


“Roupas e joias devem ser sempre surpreendentes. Quando você vê uma mulher com as minhas roupas, quer saber muito mais sobre ela”
Alexander McQueen