segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"Sometimes I would buy Vogue instead of dinner. I just felt it fed me more", Carrie Bradshaw

Neste mês a Vogue Brasil completou 400 edições. No mundo, apenas as edições americana, francesa, italiana e inglesa já chegaram lá. Para comemorar, além do melhor editorial do ano, estrelado por Rodrigo Santoro e Alessandra Ambrósio, a revista pediu que leitores - anônimos e famosos - contassem o que os leva a ler a revista. 400 frases foram selecionadas, cem entraram para a edição. No meio dessas cem respostas, algumas são bem interessantes, outras revelam coisas interessantes. Por exemplo, Fausto Silva conta que lê a revista todo mês e que sempre se interessou por moda. Fiquei intrigada. Como é que alguém que usa aquelas camisas gosta de moda? Outra coisa que me intrigou: estilistas brasileiros que trabalham fora do País mandaram frases em inglês. Não entendi, assim como não entendi o motivo de publicá-las sem tradução. Coisas da vida. Coisas da 'Vogue'. Algumas boas respostas em homenagem a 'Vogue' 400

"Eu leio a Vogue para saber sobre as coisas adoravelmente frívolas, que eu levo muito a sério", Alexandre Gabriel, diretor da Fortes Vilaça

"No Vogue, no life! I am a Vogue addicted", Alice Ferraz, empresária

"I read Vogue Brazil because it is a fashion force. Like brazilian women, it is seductive and flamboyant, colorful and confident. A powerful combination", Diane von Furstenberg

"Sempre me interessei por moda, tenho vários amigos na área, tanto no Brasil, quanto no exterior. Leio mensalmente também as Vogues da Itália, França, Inglaterra e EUA. O que mais gosto na brasileira é que a revista vai muito além do fashion, com ótimas entrevistas e tendências de comportamento. Só não sabe da força da Vogue, quem, até por preconceito, nunca leu um exemplar", Fausto Silva

"Vogue é a maneira mais sofisticada para entender a alma feminina", J.R Duran

"Por que ler a Vogue? Para ficar com a mente bem-vestida", Washington Olivetto

Vejo branco em você


Matéria minha publicada no "Jornal da Tarde", no último dia 25

A cor do Ano Novo e também do verão


Desejo imediato assim que dezembro se anuncia, o branco toma conta das vitrines e araras com ainda mais força neste ano. Cor clássica das festas de réveillon – ela é símbolo da paz que se deseja atrair para os 365 dias vindouros –, o branco é, neste momento, tendência absoluta nas passarelas nacionais e internacionais. Grifes de peso como Stella McCartney, Lanvin, Givenchy e Chanel foram algumas das que apostaram recentemente em looks branco total em seus desfiles.
Por aqui, nas semanas de moda focadas no verão 2012, brasileiros como Reinaldo Lourenço, Cori e Alexandre Herchcovitch também entraram na onda. E essa onda aporta no País com energia extra: a cor é altamente afinada com o quente verão brasileiro. Tudo isso, no entanto, não faz do branco um curinga, daqueles que não exigem muito – ou nenhum cuidado – na hora de compor um look.
Para não errar, seja nas festas de fim de ano ou no dia a dia, vale ter uma regra de ouro em mente: o branco capta luz e aumenta visualmente. “Pode ser usado por todo mundo, mas é preciso que a pessoa conheça seu corpo para saber onde colocar a cor. Ela deve ser usada em partes que se quer valorizar”, esclarece Arlindo Grund, stylist e apresentador.
Consultor de moda, Gustavo Sarti lembra outro detalhe que pode derrubar uma produção. “Um aspecto importante é atentar para que o branco não revele pontos fracos do corpo, como celulite.” Peças muito justas e de tecidos finos e transparentes fatalmente deixarão a lingerie à mostra – aí vale apelar para roupa de baixo cor da pele. As mais cheinhas, ensina a personal stylist Titta Aguiar, devem optar por modelagens mais retas. E para arrematar o look, “uma camisa, túnica ou capa de outra cor, mais escura” deve ser colocada por cima das peças brancas.
Aqueles que desejam se vestir dos pés à cabeça com a mais alva das cores têm de caprichar nos detalhes para evitar que a produção fique sem graça. “Acessórios, principalmente metalizados, brilhos ou peças coloridas quebram o branco total e dão mais vida”, ensina Sarti. Arlindo Grund lembra que fazer um mix de cores vizinhas também funciona. “Branco, um off white e um branco mais sujo ficam ótimos”, atesta o stylist. Um colete ou uma jaqueta também podem adicionar mais bossa ao look, afinal de contas, ninguém quer correr o risco de ser confundida (o) com uma enfermeira (o) em plena festa de réveillon.
E como acontece em todo janeiro, ao lado do novo ano, chegam também as liquidações de peças brancas, um momento para se aproveitar a oferta de modelos, dizem os especialistas. “Peças avulsas, como saias, shorts e calças, que podem ser usadas com cores diferentes e estampas” são bons investimentos, diz Titta Aguiar. “Camisaria é um tiro certo”, completa Grund.
Dicas anotadas, é hora de pensar na melhor maneira de tirar proveito da cor, que pode arrancar aplausos, vide o frescor dos looks das passarelas selecionados nesta página, ou ser responsável por um crime fashion daqueles – basta lembrar de calças fuseaux brancas ou das temíveis botas das Paquitas da Xuxa nos anos 80. Bem, talvez seja melhor nem lembrar.
Para não correr nenhum risco na hora de recepcionar 2012, Gustavo Sarti dá um toque daqueles para a vida toda: vale o investimento, sim, e é uma boa se jogar na tendência do momento, mas “se a peça for mais básica e clássica, poderá ser usada por muito tempo.” Sábias palavras.

Pensamento fashion de Liz Taylor

"Nunca considerei minhas joias como troféus. Estou aqui para tomar conta delas. Quando morrer e elas forem a leilão, espero que os compradores lhes dêem uma boa casa",

no livro "My Love Affair with Jewelry", 2002

sábado, 17 de dezembro de 2011

Um ano bem Galliano

Falta pouco, bem pouco, para que 2011 dê seus últimos suspiros. Mas em um ano como esse é melhor ter certeza de que ele, gentilmente, cederá espaço para os próximos 365 dias sem criar mais nem um de seus contratempos. 2011 teve seu brilho, ah, isso é verdade. Seria injusto e até uma bobagem negar. No entanto, quando ele se recusou a brilhar, não houve glitter ou paetê capaz de reverter a situação. Pessoalmente falando, 2011 me fez sentir como a Dior que, no meio de uma calmaria sem tamanho, dias e dias de alta-costura, assistiu a Galliano surtar e jogar toda a segurança, a organização e o orgulho da grife em um mar - revolto - de incertezas. Mas como moda e a vida cotidiana têm tudo a ver, mais uma vez, da crise, vieram boas ideias. A Dior colocou mais de uma dezena de funcionários na passarela ao fim de seu primeiro desfile sem Galliano, causando o burburinho fashion da temporada. E eu, bem, eu não precisei fazer desfile nenhum, pelo menos por enquanto. Se não me sinto uma Dior, estou, ao menos, como uma fast fashion - mas daquelas que fazem parcerias com grandes estilistas e que causam frisson a cada nova coleção, claro.

Em 2011 eles deram o que falar:



  • Janeiro: Dilma assumiu a presidência, usando saia nude e cabelo by Celso Kamura. Ela mostrou a pouca habilidade com salto, mas também que não é isso que importa por ali. Pena que o ano passou e ela não evoluiu para um vestidinho

  • Fevereiro: John Galliano, claro. Bebeu - não sei se foi só isso, confesso - e caiu naquela tentação que acomete os alterados: dizer um monte de bobagens. Fez comentários considerados antissemitas e perdeu o cargo de estilista da Dior, que mantinha há mais de dez anos. Big mistake

  • Março: e viva o fast fashion. Todas, todas mesmo, grandes redes fizeram parcerias com fortes nomes da moda. Todo mundo pode ter um Pedro Lourenço, Cris Barros e Stella McCartney para chamar de seu por preços convidativos. Só um problema: muita coisa só é encontrada em numerações a partir do 38. Disso ninguém falou



  • Abril: Gisele Bündchen lança sua primeira coleção para a C&A. Mais uma vez o problema das numerações aparece, mas, sinceramente, pouca coisa realmente valia a pena. O casamento de Kate Middleton e William trouxe de volta o desejo pelo vestido de noiva à la Grace Kelly, isso foi muito bom. Por outro lado, os fascinators usados no dia da celebração criaram o maior oba oba, mas gente, não rola. Aqui no Brasil, melhor não

  • Maio: Alexander McQueen é homenageado em Nova York com uma exposição que o mundo inteiro viu e comentou

  • Junho: todas as grandes modelos da atualidade desfilaram nas semanas de moda do Rio e de São Paulo. De longe, o melhor deles foi o da Osklen. Das passarelas veio todo o tropicalismo que já havia pipocado lá fora, principalmente na Prada

  • Julho: Gisele Bündchen é a estrela do mês na Vogue Brasil e a revista coloca nas bancas quatro capas diferentes com a über top

  • Agosto: o mês que valeu por pelo menos três trouxe a São Paulo uma exposição de Steven Klein

  • Setembro: o mundo volta seus olhos para a moda brasileira e todas as grifes que importam fecham acordos para abrir lojas por aqui, entre elas Lanvin e Miu Miu

  • Outubro: mês de rock in Rio e a música - principalmente o rock - influenciou fortemente as tendências do momento

  • Novembro: morre Loulou de la Falaise, amiga e musa de Yves Saint Laurent, e a Daslu abre sua primeira loja no Rio. Por lá, o forte serão as peças de etiqueta própria, um pouco diferente do que vemos em São Paulo. Pelo menos por enquanto

  • Dezembro: mais fast fashion em alta. Riachuelo e C&A ganham novas e inspiradas coleções de figurões da moda. O verão se aproxima com muita saia longa, espadriles, vestidos de laise, peças florais, sapatos coloridos e uma necessidade urgente de acessórios corais. A oncinha dá um tempo para que a estampa figurativa de bichos - tucanos, leopardos e araras - estampem camisetas. Píton é obrigatório

sábado, 10 de dezembro de 2011

Coisas de Danuza

"Se a grana estiver sobrando, umas botas de cobra, por que não? Afinal, a vida é curta, e elas não saem de moda, até porque nunca entraram. É bom para conservar um lado rock'n'roll"

"Uma amiga contou que foi a um jantar e encontrou 12 moças usando sapatos de sola vermelha, Louboutin, isso é o que eu chamo de tragédia"


Danuza Leão, em 'É Tudo tão Simples'

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

sábado, 26 de novembro de 2011

Lacoste? Desejo imediato

Há uns dois ou três anos, a Lacoste sofria de uma falta crônica de criatividade. Ainda que suas famosas polos continuassem a fazer a cabeça de muita gente mundo a fora, a marca não conseguia agregar novos consumidores. De uns tempos para cá, a grife passou por uma série de mudanças, empregou um estilista jovem e os crocodilos (não jacaré, por favor) voltaram com força total à ordem fashion do dia. Criada originalmente em 1933, a camisa concebida a pedido de René Lacoste, um jogador de tênis cujo apelido era Crocodilo (Le Crocodile) e que queria uma roupa perfeita para o esporte, a polo ganha versões mais descoladas a cada temporada. Isso sem falar nas saias, vestidos, cardigãs e até sapatos que têm pipocado aqui e ali, deixando a vitrine cheia de objetos de desejo. Tudo bem que muita coisa demora a chegar ao Brasil - alguns lançamentos simplesmente não aportam por aqui, mas vale a pena esperar.


(vitrine Lacoste, Oscar Freire)

No fim de semana passado, na loja da Oscar Freire, duas boas novidades saltavam aos olhos de quem passava por ali. A nova camisa masculina, cujo punhos, mangas e bolsos são coloridos (R$ 269) e os sapatos peep toe quadriculados (R$279). Duas maravilhas fashion, daquelas que dão um up imediato no look. Prova de que o verão da grife apostará em peças tão cheias de informação de moda que a polo monocromática, ainda que clássica, pode amargar algum tempo sem sair do guarda-roupa. Dener certamente acharia terrível as linhas simples e limpas da Lacoste. Ele gostava era de luxo, né? Não tem jeito.

Pensamento fashion de Anne Hathaway

"Gosto de me vestir como uma lady. Agradeço a Kate Middleton por ter colocado o "vestir-se apropriadamente" de volta à moda! Até então Hollywood vinha cultuando o look mendigo e o cabelo podrinho, que não têm nada a ver comigo"

Na 'Gloss', de novembro

domingo, 20 de novembro de 2011

Pensamento fashion de Diego Palmieri

"Eu odeio quem fica bem de calça jeans, camiseta branca e All star"

Diego, em uma tarde de passeio pela Oscar Freire

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Poderosos desperdícios fashion


(cabelo incrível, mas o resto...)
Aí um dia alguém disse que para se dar bem no trabalho era fundamental a mulher estar bem vestida. Outro alguém deve ter completado dizendo que quanto mais sóbrio o look melhor. Um terceiro personagem, um pouco mais sisudo, provavelmente postulou que quanto mais parecida com um homem mais a mulher estaria em pé de igualdade com o sexo oposto. Acho até que tem bem um fundo de verdade nisso tudo, principalmente quando o assunto são cargos relacionados ao poder. É preciso ter um ar mais sério mesmo para que uma mulher se destaque em um meio predominantemente masculino, mas eu juro, não aguento mais os terninhos da Angela Merkel, da Christine Lagarde, da Hillary Clinton e da Dilma. A Hillary é de longe a rainha dos piores looks do poder.


(se o azul piscina fica bem em alguém ainda não me avisaram)
Não contente com os terninhos pretos, ela tem um modelo azul piscina capaz de deflagrar uma guerra fashion mundial. Eu não sei quem é que resolveu costurar terninhos coloridos. É crime, daqueles que condenam a 15 anos de reclusão em uma loja de fast fashion em liquidação de Natal, sem direito a troca das peças compradas. A Lagarde, dona de uma cabeleira das mais descoladas do mundo, é a que se sai melhor, mas há dias em que apenas os cabelos incríveis não conseguem salvar. E eu bem sei que a Alemanha não vive seus melhores dias, mas Angela Merkel, por favor, nem um brinquinho?

Imagina o que deve ter de gente querendo vestir essas mulheres com as melhores grifes do mundo. No lugar delas, eu não conseguiria dormir pensando com que roupa eu discursaria na ONU e certamente tentaria fazer com que minha fala fosse noturna, assim poderia eleger uma peça cheia de bossa. A Dilma, bem, a Dilma até agora não se aventurou a fazer nada de novo. E olha que o Celso Kamura acaba de voltar do Japão cheio de ideias, mas a presidente segue firme e forte (assim como seu penteado bem seguro com spray) com seu estilo austero, poucas cores e pouquíssimas saias. Acho uma pena. Uma pena fashion.

Livros e mais livros de moda ensinam que não é preciso muito para deixar o estilo clássico, queridinho das poderosas, com um aspecto mais interessante. Os tecidos podem ganhar novas texturas, os acessórios, mesmo os brinquinhos, formas diferentes. Pontos de cores, como sapatos de tons intensos, também mudam o look, dão mais leveza e alegria. Dener, bem, Dener certamente acharia que as poderosas senhoras do momento ousam pouco e tentaria deixá-las mais descoladas, do seu jeitinho, é claro. E ele daria um jeito fácil, porque terninho e poder não constavam em sua lista de cafonices. De poder ele bem gostava, na verdade. Dizia ele: "Sinônimos de cafonice: calça justa de helanca, sapato e vestido de vedete, amor ao meio-dia. Agnaldo Rayol cantando ópera, pulseira sobre luva, feijoada aos sábados, maquiagem em praia, festa de boate, sair em coluna social, mulher gorda de biquíni, terno branco à noite, peças brasonadas de outras famílias, gumex no cabelo, bicha velha e pobre" (de 'Bordados da Fama - Uma Biografia de Dener'). Assim, não dá mesmo para não amar.

E as máximas de Gabrielle não têm fim

"Nossas casas são nossas prisões; encontramos a liberdade decorando-as"
"A pessoa pode se acostumar com a feiura - nunca se desleixe"
"A verdadeira generosidade é aceitar a ingratidão"
"Eu nunca quis pesar mais do que um passarinho para um homem"
"Sou tímida. Gente tímida fala muito porque não suporta o silêncio. Estou sempre pronta a soltar alguma idiotice qualquer só para preencher o silêncio. E vou, e vou, de uma coisa para outra, para não dar brecha ao silêncio. Falo com veemência. Sei que posso ser insuportável"

Extraídas de 'Dormindo com o Inimigo - A Guerra Secreta de Coco Chanel' (o famoso livro que sacudiu a maison Chanel recentemente)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O que ele falou?

Janeiro de 2011. Primeiros dias do ano, eu e Ana Cecília, a Princess, conversávamos pelo MSN. E era tanto assunto, com atualizações quase que de hora e hora, que nossas mensagens de um dia eram capazes de encher páginas e mais páginas de um jornal standard. Pois bem, no meio de uma dessas longas divagações sobre aquele momento - que não demoraria muito se mostraria um dos mais instáveis possíveis -, a Princess interrompeu uma discussão de extrema pertinência, talvez sobre o poder dos chocolates belgas, não sei, para dizer que já havia decidido como seria seu casamento. Paramos na hora de falar sobre o que parecia a coisa mais importante do mundo há segundos e passamos a pensar na festa de casamento. Minha primeira pergunta foi se ela já havia escolhido qual estilista faria o vestido. Caímos no riso. Era essa a questão que ela tinha certeza que eu faria. O pior. Além de palpitar sobre o vestido dela, escolhi o meu: um tomara que caia champagne (claro, eu teria de estar bronzeada) curto e com várias camadas de tecido. Nos cabelos, um coque bem despretencioso e bagunçado. Tanta, mas tanta coisa aconteceu depois dessa conversa, mas nada foi capaz de apagar as lembranças daquela tarde tão cheia de esperança e graça que compartilhamos, ainda que distantes uma da outra, pela internet.

Essas conversas, profundas e viajantes, acontecem toda a vez que eu a Princess nos encontramos. No MSN, na balada, nas festas, na Livraria Cultura. Acho que isso acontece porque nossa amizade nasceu assim, de um papo maluco, em uma madrugada da Barão de Limeira. Eu mal a conhecia e cansada, com vontade sair correndo pela rua, compartilhei com a ainda Ana Cecília (ela seria Princess bem mais tarde e juro não sei direiro porque inventei esse apelido, embora ela seja mesmo uma princesa) uma história daquelas - naquela época, claro. Hoje aquilo não passa de café pequeno. Mas ali, na redação quase vazia, fomos cúmplices pela primeira vez. Desde então foram tantas coisas, ligações de madrugada, choro abafado, risadas sem fim e a certeza de que se ela estiver por perto nada pode ser tão ruim. Foi por isso, talvez, que em um dia que eu faço uma força surreal para apagar da minha memória, eu liguei para ela e disse: Princesa sei que está ocupada, mas por favor, só me ouve. Eu falei o quanto as lágrimas deixaram. E ela, ocupada, me ouviu, me escreveu e deu um jeito de me ver no dia seguinte.

Além dessa presença que me tranquiliza via msn, sms e enche meu dia de alegria quando pode ser pessoalmente, a Princess sempre tem uma pergunta a fazer. Isso confere a ela uma graça sem tamanho. Sempre tem um "o que ele falou?" na conversa com ela, mesmo que não exista nenhum "ele" na história. E a Princess sempre tem uma ideia fashion no meio do assunto. Semana passada, do nada, ela me disse: preciso de um vestido da Diane von Furstenberg. Eu não vacilei: e quem não precisa?

Isso me fez lembrar que antes de ela partir para um ano em Nova York, em 2010, acho, tive a sorte de ser escalada para cobrir os desfiles de Carnaval ao lado dela. A ideia era chegar no jornal às 20h e virar o dia na avenida. Umas 18h, eu acordo com a Princess ao telefone: "Então, com que roupa você está pensando em ir?". E eu: "Para cobrir o Carnaval, você diz?". E ela: "É, eu não sei". Não me recordo da roupa que usamos, só me lembro que no meio da madrugada cismamos com os pés de uns coelhos gigantes de um carro alegórico. Os pés dos coelhos eram enormes e a gente riu dias e dias por causa deles. Até hoje eu não entendi, mas continuo achando engraçado. Assim como achei engraçado o fato de tirarmos lições para a vida de 'Bróder'. No cinema, uma olhava para a outra com a certeza de que algumas falas foram escritas para nós. Foi assim na Fashion Week. Vimos juntas a Cia. Marítima e tiramos de lá mais do que lições de moda. Por essas e muitas outras, eu não me importo em entrar em lojas de sapatos em que a Princess experimenta todos os modelos, sabendo que não vai levar nenhum, e gosto de ter ela por perto quando vou fazer uma aquisição audaciosa na Animale. Dener amaria a Princess, primeiro porque ela é fina e tem Cecília no nome, o que me parece muito nobre. Segundo porque ela é uma presença leve, sempre leve. E pensar que a Princess me deu um livro de conselhos de Coco Chanel. Mal sabe a Ana que é com ela que tenho aprendido as lições mais valiosas.

Pensamento fashion de Lenny Kravitz

"Tenho algumas camisetas e calças, e é só jogar uma mangueira nelas, pendurar e girar"

Lenny Kravitz, na 'Rolling Stone' de outubro

domingo, 30 de outubro de 2011

Não dá para escolher só um

Um dia já agradeci a Deus por ter criado as lojas de sapatos, as caixas de sapatos, os vendedores de sapatos e obviamente por ter concebido os sapatos em si. Hoje, confesso, bem surpresa que acho que Deus fez tal trabalho tão bem feito que uma das minhas maiores dificuldades na hora de comprar é escolher um sapato. Simplesmente não dá para eleger apenas um. São tantos modelos, tantas cores, tanta bossa e novidade. Escolher para os outros já é um parto - daqueles de 30 horas, feito pela parteira da família e em casa. Se for para mim, então, é impossível. Por isso parei. Há quase um ano não compro sequer uma sapatilha para mim. Não consigo. E olha que eu tenho tentado com afinco. Mas eu entro na loja e piro. Em cinco minutos, quero todos os sapatos e nenhum em especial.

O fato de não desejar nenhum com certeza é quase inédito para mim. Eu sempre sei o que quero. Ou costumava saber. De uns tempos para cá não dá mais para ser prática na hora da compra. Todas as lojas se esmeram demais, o que torna a vida daquela que pode apenas levar um par - no máximo dois - para casa bem complicada.
Na dúvida, flerto com todos os sapatos que acho que compraria se tivesse muito dinheiro - troco olhares apaixonados nas vitrines da Arezzo, Via Uno, Corello, Dunes, Luz da Lua, Lefisk, Capodarte e Dumond. Esse namoro unilateral leva horas, aí eu desisto, compro um livro e vou ao cinema. O resultado? menos sapatos, mais livros na pilha do que tenho para ler e a certeza de que é mais fácil escolher quando o assunto é a Sétima Arte. Dener, ah, acho que ele aprovaria a oferta de modelos, principalmente os mais chamativos. Acho que esse era o jeitinho dele, mas isso a gente nunca vai saber. Certo mesmo é que sapatos podem salvar um dia, uma semana e eu arriscaria dizer uma vida. Cinderela que o diga, né?

Decreto fashion de Caroline de Maigret

"When people say frenchwomen are chic without trying, I always think of Chanel. I can throw on my Chanel tweed jacket with a pair of ripped jeans and still feel dressed. It is really the only fashion house that makes me dream"

Caroline de Maigret, na 'Vogue' América de outubro

Pensamento fashion do mestre das tesouras

"O povo japonês é o que mais evoluiu e se modernizou em matéria de beleza. Impossível não se surpreender com o estilo deles nem pensar em dar uma mudada no próprio look"


Celso Kamura, em 'Conexão C.Kamura', de outubro

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Justo agora?

Não faz nem um mês que fiz uma limpa daquelas no guarda-roupa, lotado de coisas que eu não queria mais usar ou não queria sequer lembrar que existiam. Pois bem. Foram horas botando fora aquelas calças que nunca mais vão servir, as camisetas que prometi voltar a usar e continuaram lá dobradas (ou amassadas) e as saias jeans. Sim, eu bem tinha algumas. Durante bons anos, eu sempre tive uma saia jeans no cabide, sabe-se lá o motivo. Lembro-me que a peça foi moda por bastante tempo e que eu sistematicamente a usava com sandálias. Juro, achei que essa a moda não ressuscitaria tão cedo. Primeiro vieram algumas aparições na Vogue, nada demais. Depois em alguns desfiles, ok. Em meio a trinta looks, uma saia jeans não chega a ser um acontecimento de moda, mas agora é fato. Nas vitrines de alto verão dos shoppings, elas voltaram com tudo. Tem saia jeans nas vitrines de grife de peso e tem saia jeans nas araras da Zara. Longas, midi e mini. É fato. Não vai demorar mais do que um mês para a saia jeans voltar à lista de desejo imediato. E eu penso, depois de doar todas as minhas: justo agora?

Pensamentos fashion da Vogue América de outubro

"My customers love things that are not 'trendy' but timeless, ageless"


"I've just always kept my eyes open and looked. You have to match your style with the customer. I don't want to be a genius. I want to sell clothes!"


Giambattista Valli

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cesta básica fashion

(foto: divulgação/acessórios do Extra)
ANA CAROLINA RODRIGUES

A equipe de desenvolvimento têxtil está em reunião. No encontro, uma pesquisa sobre as principais tendências de moda – leia-se tudo aquilo que tem potencial para se tornar desejo imediato – é encomendada. Apresentado tempos depois, o estudo fornece as possíveis (e com sorte, certeiras) apostas da próxima estação. Está tudo lá: cores, tecidos e estampas que nortearão a nova coleção.

O ciclo descrito acima, que se repete a cada temporada e leva até um ano para ser concluído, bem poderia ser o resumo do processo de criação de uma famosa grife ou de uma grande rede de fast fashion. Mas, na verdade, diz respeito ao Extra. Sim, o Extra Supermercado. E ele não está sozinho nessa. As redes Carrefour e Walmart também dedicam cada vez mais atenção ao que chamam de setor têxtil – as empresas não revelam valores investidos na área.

Aos olhos apressados de quem entra nas lojas em busca de comida, produtos de higiene e limpeza, as roupas em exposição podem até parecer um conjunto meio sem graça de camisetas básicas, meias e moletons. Basta, no entanto, um olhar detalhado para encontrar peças em sintonia com aquelas das vitrines dos shoppings e das capas de revista.

“Cada vez mais, estamos valorizando o espaço têxtil, investindo no layout, na exposição das peças, nos manequins que trazem sugestões de combinações”, conta Sidnei Fernandes Abreu, diretor comercial de têxtil do Extra. A preocupação vai além: a divulgação das novas roupas, antes tímida, ganhou reforço. “Para a nova coleção, o Extra trouxe uma revista de 28 páginas, com 130 peças”, conta Abreu. Só para as fotos, foram necessários quatro dias de trabalho.

No Walmart, o setor também é coisa séria e ocupa 12% do total das lojas, espaço em que cinco marcas próprias são comercializadas. Uma delas, a Simply Basic Plus, é destinada a pessoas que usam tamanhos até 54, no caso das mulheres, e 56, para os homens. Além das etiquetas próprias, o Walmart tem ainda parceria com a Fatal Surf (surf wear) e a Sawary (jeans). “O processo de criação é feito internamente por designers que realizam pesquisas internacionais por meio de viagens e análises de tendências, além de acompanhamento de desfiles e workshops feitos regularmente na Inglaterra, com a equipe da Asda (braço do Walmart no Reino Unido) e responsável pela licença da marca George (que atende ao público masculino e feminino da loja com peças contemporâneas)”, diz Cesar Roxo, diretor do departamento têxtil do Walmart Brasil.

Com linhas de roupas para todas as faixas etárias, o Carrefour também conta com uma área de estilo afinada com as últimas novidades das passarelas. Em seus cabides, há de tudo um pouco: desde camisetas e jeans até vestidos e looks para o trabalho. Acessórios, calçados e moda íntima são outros itens que aparecem no setor têxtil da rede – espertamente, posicionado na entrada das lojas.

Febre dos carrinhos
As “roupas de supermercado” não ganharam mais espaço apenas nos estabelecimentos. Cresce o número de consumidores antenados com o universo fashion que compram peças nas redes. E o melhor: não têm pudor em revelar a origem dos looks. Caso da modelo e apresentadora Gianne Albertoni, de 30 anos, rosto que já estampou várias capas de revistas com roupas das mais grifadas.

Pois ela é uma das que gostam de garimpar essas prateleiras. “Já comprei roupa em supermercados várias vezes, em São Paulo e em outros lugares do mundo por onde passei a trabalho”, conta Gianne, que aposta em itens básicos do vestuário em suas compras. “O importante é saber procurar bem”, aconselha a modelo, fã assumida das grandes lojas. “Eu adoro. Vejo item por item com calma. Normalmente, vou à noite e chego a passar horas lá.”

A loira dá duas dicas infalíveis para encher o carrinho ou a cestinha sem medo. “Prefira as peças casuais. Se quiser uma roupa para festa, opte pelos modelos mais básicos e sem estampas”, diz. E emenda: “Deve-se pensar se os itens escolhidos são realmente essenciais para o seu guarda-roupa”.

A consultora de moda Ana Paula Pedras, de 25 anos, também dá suas voltinhas entre as araras dos supermercados e diz que acha coisas bacanas. “Já comprei camisetas, vestidinhos e um suéter”, conta ela, que aponta o preço como fator decisivo da compra. “Se o preço não compensar, é melhor esperar e visitar uma loja de roupas com mais opções e estrutura”, ensina.

A estudante Victória Rocha, de 19 anos, vê nos hipermercados o ambiente ideal para looks originais. “Como não são todas as pessoas que se interessam, você quase não vê ninguém com a mesma roupa”, diz Victória, cuja peça mais cara que comprou em lojas do gênero custou R$ 35,90.

No caso da stylist Marcia Jorge, dois lenços de seda coloridos chamaram sua atenção em uma ida ao supermercado. Ela não teve dúvida: entrou para a turma que compra peças de vestuário por lá. “Eles ficam o máximo, usados no pescoço ou na cabeça. Foi um achado sensacional”, diz ela, que espera que a oferta de peças das lojas cresça. “Já pensou um estilista cool fazer uma coleção exclusiva para algum supermercado?.”

O stylist Arlindo Grund, que ainda não se aventurou pelos cabides dos hipermercados, “por falta de oportunidade”, atesta que dá para montar boas composições nesses estabelecimentos. “Principalmente, se você conhece seu corpo e suas características”, observa ele. A consultora de imagem Andrea Muniz afirma que é preciso atenção redobrada na hora da compra. “Tem de ficar atenta às costuras. Provar as peças é primordial.” Dicas anotadas, é hora de encarar o supermercado com outros olhos e, quem sabe, abastecer o carrinho de produtos de primeira necessidade… fashion.

domingo, 9 de outubro de 2011

E o telefone toca às nove da manhã. Quem será?

O Kleyson tem uma mochila que faz muito sucesso. Onde quer que ela apareça, todo mundo comenta. Confesso, no entanto, que nunca tinha reparado nela. Deve ser porque quando ele está por perto não dá para reparar em muita coisa mesmo. O Kleyson é bonito. Mas isso é o óbvio, e óbvio é raso, logo, não tem muito a ver com ele. Não há nada raso ali, nem em sua aparência, muito menos no seu trato com as pessoas. Algo que talvez eu tenha demorado a perceber, confesso, mas que felizmente eu notei a tempo de tê-lo sempre perto de mim. Nos últimos dois meses, o vi três vezes, acho. Em todas, ele estava com looks de matar. Ainda não conheci nenhum homem capaz de combinar camisa xadrez com jaqueta de couro como ele.




(olha lá a mochila, famosa...)

É tão cool, tão despretencioso e leve que quem vê jura que ele escolheu as peças assim, quase sem querer, saiu correndo de casa e chegou, lindo. Pode ser que seja assim, mas eu bem acho que pelo menos uma boa olhada no espelho ele dá. Não sei. Também não sei onde ele garimpa tanta camiseta legal, daquelas simples, mas cheias de informação de moda e que deixam ainda mais interessante sua beleza despreocupada. O que eu sei com certeza é que uma vez, às 9h, meu telefone tocou. Eu havia saído tarde do trabalho, leia-se beeeem tarde, madrugada. Atendi, achando que só poderia ser uma piada alguém me telefonar naquele momento (eu xinguei muito e naquela época eu era realmente boa nisso). Era o Kleyson. Não me lembro exatamente o que eu disse, só sei que ele queria saber se ia ou não a uma sessão de cinema para a imprensa, coisa que ele poderia ter me perguntado, pessoalmente, umas quinze horas antes. Eu devo ter dito para ele ir, porque há umas três semanas ele me contou que foi e que eu ainda inventei uma pauta bem complicada para ele fazer (ele teve de ler um livro e criar um teste para a matéria. ok, exagerei na inspiração, confesso).


Nesse dia também ele me disse que deveríamos combinar de ir jantar, em uma noite qualquer, achei uma ótima, mas o trabalho apertou e não conseguimos. Mas uma coisa eu fiz questão de conseguir: passar no aniversário dele, no meio da semana, só para dar um abraço e um beijo. Mais uma vez com um look daqueles dignos de editorial da QG, o Kleyson me deu o que parecia um toque fashion: "Carol, acho que está na hora de você usar menos cinza. Coloca uma cor aí, vai" (isso dito com aquele sotaque mineiro). Aí chegou o aniversário da Virgínia, eu sabia que o veria. Então, antes de sair de casa naquele dia fiz questão de pensar em roupas claras e coloridas que eu pudesse usar no trabalho e chegar à festa da Bella para ver se o Kleyson aprovaria o look. Ele aprovou e aí entendi o recado: não era um conselho fashion que ele tinha me dado há dias atrás. Sutilmente, ele me deu um toque para o momento, sem ser invasivo ou coisa parecida. Não era apenas de cores que ele estava falando. Ah, a elegância, sempre fazendo a diferença. Dener aprovaria o Kleyson por uma série de motivos: sua beleza, sua educação, sua graça. Eu aprovo por tudo isso e por algo a mais: por ele me dar a chance de poder estar ao seu lado. Dele e da sua famosa mochila, claro.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Pensamento fashion para uma sexta-feira cheia de esperança de outubro


"Salvatore Ferragamo fez ternos muito bons sob medida para mim. Atualmente, nesta turnê de divulgação do filme, estou usando mais Lanvin. Também tenho muitos outros ternos feitos por um italiano chamado Isaia. Poucas conhecem a marca, mas eu sei que George Clooney e Brad Pitt usam. É quase como se eu não pudesse contar isto para ninguém. Veja você, ao ganhar o título de ‘Homem Mais Sexy do Mundo’ você entra para um clube e o mundo se abre para você (risos)"

Hugh Jackman, na GQ britânica

Gloria Kalil reedita 'Chic'

(crédito: divulgação)

O ano era 1996. O Morumbi Fashion Brasil, precursor da São Paulo Fashion Week, ganhava sua primeira edição. Nas livrarias, a oferta de publicações sobre como se vestir bem era escassa. O que havia não era pensado para as mulheres brasileiras. Nesse cenário, a empresária e consultora de moda Gloria Kalil lançou ‘Chic: Um Guia Básico de Moda e Estilo’. Não demorou e a obra caiu no gosto dos leitores, abriu as portas para um filão e vendeu quase 200 mil exemplares. Quinze anos depois, Glorinha resolveu passar o ‘Chic’ a limpo. Batizado agora de ‘Chic: Um Guia de Moda e Estilo para o Século XXI’, o livro foi revisto e ampliado. “De tempos em tempos, temos de dar uma renovada. E quer saber? Deveríamos fazer isso com a vida”, diz a autora, com quem o JT conversou sobre o lançamento, já nas prateleiras.

A moda está em constante mutação. Passaram-se 15 anos. Por que a atualização ocorre agora? Nunca houve urgência em se fazer uma reformulação a cada ano, por não se tratar de um livro sobre tendências. É uma publicação sobre como uma pessoa olha as tendências e como acha seu estilo. Mas achei que houve ampliações nos conceitos e na flexibilidade da moda. Cabia uma atualização.

Nesses 15 anos o que teve mais impacto no mundo da moda? O abalo de setembro de 2001, a crise econômica de 2008. O conceito do fast fashion também, que apareceu e mudou completamente a estrutura de produção da moda. Isso só para citar três.

Algum tema do primeiro livro perdeu totalmente o sentido?
O capítulo da beleza tirei praticamente inteiro. O assunto virou uma super especialidade. Tudo o que era tratamento naquela época ganhou mais de dois milhões de variações. O que deixei no livro atual são atitudes que você pode ter diante dessa mudança toda, o que você tem de considerar ao fazer determinadas intervenções ou tratamentos, mas não entro nas possibilidades dos tratamentos.

O que mais ficou de fora?
Lembro-me de ter coisas como ‘se você é baixinha, não use acessórios muito grandes’. Acabou isso. Há 15 anos, quase ninguém usava sapatos brancos. Hoje, eles foram incorporados. Eu dizia que bota por fora da calça era de gosto duvidoso. Acabou o gosto duvidoso, não existe mais o conceito gosto. Nessa releitura, ampliei muito o conceito do estilo pessoal. Como eu imaginava, o estilo se impôs sobre a moda. Moda é oferta, estilo é escolha. A moda cada vez mais oferece possibilidades para que você escolha a roupa que mais te representa. Até os anos 50, a moda era muito ditatorial. Se o que era proposto ficasse bem em você ou não, era o que se usava. Quem não usava, não pertencia à sociedade. Hoje se você me perguntar qual é a saia que está na moda, eu vou dizer: para quem é? Tem micro, mini, no joelho, midi, longa. A moda oferece tudo.

O capítulo sobre biótipos agora usa fotos de mulheres reais. Por quê? Quis usar pessoas reais para mostrar que tudo que falamos foi testado, não é chute, não é telefone sem fio. É uma coisa que a gente fez com critérios e dessa vez redobramos os cuidados com os critérios.

Quanto tempo levou para fazer a releitura?
Reescrever é quase como escrever um livro novo. Tirei capítulo, coloquei outras coisas. Levou quase um ano.

Como é a relação dos leitores com o ‘Chic’?
Eu vejo pelos e-mails que recebo, que é sempre a mesma coisa. As pessoas querem saber o que vestir no casamento, no trabalho, saber o que quer dizer traje esporte fino. Quem sabe lê, para ver se ainda é do mesmo jeito, quem não sabe, para ver como é que é.

E o brasileiro, preocupa-se com moda?
Gosta muito, as pessoas amam ver desfile. Você vê o sucesso pela quantidade de programas sobre o assunto, todos os jornais mostram os desfiles em época de semana de moda. Eu até digo, brincando, que a moda é muito mais entretenimento do que indústria, porque fatura muito menos do que parece. Eu entro em um elevador e se tem um homem sozinho, pode ter certeza de que no terceiro ou quarto andar ele vai dar um sorriso e perguntar: “Estou bem?”.

O que tem chamado sua atenção atualmente?
Acho que não estamos em uma fase de muita inovação. Eu tenho gostado mais de acessórios do que das roupas, principalmente dos sapatos.
Para você, o Brasil está na moda? Chegamos lá? Não chegamos a lugar nenhum. Só as Havaianas são conhecidas fora do País. O Brasil está na moda, mas a moda brasileira não tem presença ainda. Pode ter um começo de trabalho, mas dizer que a moda brasileira é um sucesso lá fora, não.

Qual o maior pecado fashion?Acho que o único é ir atrás da moda e se esquecer do próprio estilo.

E a maior prova de elegância?
Tem tudo a ver com a maneira com que você se apresenta, mas também com o conteúdo. Acho impossível ser chique se não tiver um comportamento adequado. Não basta estar bem vestida, tem de ter um conteúdo interno correspondente.

domingo, 2 de outubro de 2011

Sexy back



Quando o Justin Timberlake apareceu na tela do cinema em 'A Rede Social', no fim do ano passado, achei que tinha algo errado. Eu havia me confundido, não era possível. Aquele não poderia ser o mesmo Justin que fez do clipe de 'Sexy Back' uma ode à sensualidade cool para se dizer o mínimo - e não perder a linha, claro. Mas, no filme sobre a criação do Facebook, ele parecia ter perdido o brilho, ainda que isso tivesse a ver com o papel. Mas the sexy Justin is back. Em 'Amizade Colorida', comédia romântica que estrela ao lado da incrível Mila Kunis, Timberlake surge a todo momento cheio de estilo. De terno bem cortado e de modelagem sequinha, não tem para ninguém. É uma aparição e um suspiro do público feminino.


Do começo ao fim, ele retoma a aura sexy que o marca há alguns anos e faz a diferença na história previsível e que caminha para um final feliz antes mesmo de ter começado. Dener, bom, eu tenho até medo de pensar no que Dener diria sobre o Justin porque esse blog é de família, mas certeza de que ele aprovaria a pitada casual que ele dá aos ternos - tanto na vida real quanto nas telas. E só sendo louco mesmo para não aprovar the sexy Justin. Ah, Britney que vacilo, hein?

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Pensamento fashion para uma sexta-feira leve e livre


"Invista em bons calçados. Com calçados apertados não se pensa, não se é feliz"

Costanza Pascolato

Pensamento fashion caseiro

"Os maiores crimes contra a aparência são cometidos com a roupa de ficar em casa...Não se revele na intimidade uma gata borralheira - especialmente se você não mora sozinha. Depois, de que adiantará sair por aí de Cinderela?"

Gloria Kalil, em 'Chic'

domingo, 25 de setembro de 2011

"Os grandes amores também precisam ser suportados"

Se viva estivesse, Chanel teria feito 128 anos em agosto passado. Acho que mesmo que por aqui ainda andasse com seus conjuntinhos e pérolas, ela não comemoraria a data. O clima pesou para o lado dela no último mês. Não faz muito tempo que redescobriram seu envolvimento com um oficial nazista. Concordo que ter um número como prova concreta de que ela colaborou com o regime é dado forte e gancho para um livro - 'Dormindo com o Inimigo', que eu já comprei, mas ainda não li -, mas, assim, acho que exageraram no barulho - tanto barulho que a grife Chanel se viu obrigada a divulgar um comunicado explicando e defendendo sua criadora.

Novidade novidade essa história não é. Todas as biografias sobre Coco, todos os filmes e textos, todos tratam do romance com o tal alemão, ainda que tudo seja apenas graciosamente insinuado. O namoro com Spatz é apontado como um dos maiores erros de sua carreira, mas, assim, sinceramente acho que ela não estava muito preocupada em saber se o escolhido do momento era nazista ou não. Ela estava apaixonada e isso bastou naquele momento. Claro que assim que a guerra acabou, ela teve uma sorte tremenda em não ter de desfilar nua pelas ruas de Paris, mais sorte ainda teve ao se transformar em desejo imediato nos Estados Unidos.


No fim, o envolvimento manchou e tirou um pouco -apenas um pouco- de seu brilho, e ela, bem, ela se safou de qualquer problema relacionado a isso. E por falar nessa paixão toda que ela pareceu sentir por Spatz, nada comparado claro ao onipresente Capel (o grande e único amor de sua vida, que a amou, mas se recusou a se casar com ela por causa de sua origem pobre e que morreu em um acidente de carro), Chanel era craque em falar de sentimento. As coisas não deram muito certo para ela nesse campo, ao menos é o que parece, mas suas máximas relacionadas ao amor seguem enchendo páginas e mais páginas de livros. Em 'O Evangelho de Coco Chanel' há uma série delas e até um capítulo que ensina a aplicar as ideias da estilista na vida amorosa. Bom, isso eu já achei too much, mas as frases de Gabrielle sempre merecem ser lidas. Por um motivo ou outro.


"Os grandes amores também precisam ser suportados"

"As pessoas se casam para ter segurança e prestígio. Não estou interessada em nada disso"

"Sei que eu te amo de verdade, mesmo sem precisar de você", frase dita a Capel

"Perdi tudo quando perdi Capel"

"Eu o amava ou achava que o amava, o que dá no mesmo", sobre o romance com o duque de Westminster

"Deus sabe que eu queria amor...mas quando tinha de escolher entre o homem que eu amava e os meus vestidos, eu escolhia os vestidos"

"Há tempo para o trabalho e tempo para o amor. E não há tempo para mais nada"

"Não perca tempo batendo numa parede com a esperança de transformá-la numa porta"



Bom, Dener defenderia Chanel, certeza. Ele mesmo foi muito perseguido por seus romances. Se solteiro estava, as fofocas sobre sua suposta homossexualidade explodiam. Casado com belas mulhes, era assunto por estar ao lado delas. "Acho que não é muito o meu gênero (gostar de homens). Mas é engraçado...sou uma pessoa que normalmente se impressiona com a beleza...a beleza é, para mim, fundamental. As experiências devem ser muito na base da beleza. Balança muito o meu coreto. A Stella (sua primeira mulher) era o meu tipo. Agora, homem, homem é alto, louro, com os olhos azuis". Para quem não gostava, ele até que era bem detalhista, né? Não tem como não amar mesmo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O tempo dos lindos é muito diferente (e o da linda também)


Eram 15h50. A sessão de 'Uma Doce Mentira' começava às 16h. Estava longe de ter comprado o ingresso. Adriana Alves, la Chica Guapa, estava atrasada mais uma vez. Eu sabia que isso iria acontecer. Não porque havia trânsito ou porque ameaçava uma chuva lá fora. Ou porque rolava mais uma manifestação na Paulista ou talvez porque o calor era forte demais na rua. É sempre assim. Para o cinema, a balada, o almoço, o jantar. A Dri sempre chega atrasada. Mas isso tem uma explicação, muito bem formulada por Andy Warhol: "Gente linda tem mais chance de deixar você esperando do que gente comum, porque o tempo dos lindos é muito diferente do tempo dos comuns". Acho que não precisa dizer mais nada, né? A Dri é definitivamente uma das pessoas mais lindas que conheço e olha que eu tenho sorte nesse quesito.

Quando ela apareceu assim, linda, loura e bem maquiada no jornal foi um acontecimento. Não porque ela fosse de falar muito e tal, mas porque la Guapa é um acontecimento em si. Impossível não notá-la, impossível não se sentir feliz sabendo que se pode chamá-la de amiga. E por falar em feliz, felizes estávamos no começo do ano, com muita coisa para contar, em uma noite no América. Fizemos os pedidos, chegaram as bebidas: minha, dela e da Poli. Eu me levantei para lavar as mãos, o atendente se atrapalhou e um suco de framboesa caiu sistematicamente na cabeça da Adriana. Ela gritou, o restaurante parou, assim como um pedaço da fruta foi parar em sua roupa. E o que ela disse? "Meu vestido da MOB não. Gente, esse vestido é novo e é da MOB." Bom, isso durou alguns minutos, mas os funcionários não entenderam direito o que exatamente queria dizer "vestido da MOB". Nós entendemos e achamos um absurdo quando o gerente disse que se comprometeria a pagar pela lavagem da peça. Sim, a gente acreditava que eles poderiam pagar um vestido novo, mas ali é um restaurante e não uma loja, aceitamos mais tarde.

O vestido se salvou, como soubemos depois. Mas não seria a falta do tal vestido que arruinaria o guarda-roupa da Chica Guapa. É dela os vestidos mais cheios de bossa, com as estampas mais audaciosas. Tudo o que a gente acha lindo e tem medo de usar fica incrível nela. Até o polêmico macacão fluido cai como uma luva. Isso sem falar nas unhas, sempre perfeitas e com uma cor diferente. É como se ela fosse sócia da Colorama ou algo assim. E a maquiagem dela então? Eu juro que não consigo entender como ela pode ter tanta habilidade com delineador e afins. Resumindo, ela é perfeita.

Perfeição que fica maior quando ela aceita deixar de fazer algo para poder te encontrar e conversar depois de um dia difícil ou quando ela te empurra para ir em um show em fases da vida em que se ficaria fácil fácil indo da cama para o sofá. Nos últimos meses não foi uma nem duas vezes que a Dri salvou o meu dia com sua beleza. Beleza de palavras, de modos, enfim, uma beleza de amizade. Hoje pensei em como ela estaria, já que falamos pouco na semana, e meu celular se manifestou: ela havia acabado de mandar um sms. Estar em sintonia com pessoas como a Chica me faz pensar que, ainda que a vida não ande tão fácil quanto eu gostaria, alguma coisa eu devo estar fazendo de bom para merecer isso. O que me lembra um amigo nosso, nome famoso da música, que disse "é tudo nosso". E quando nada parece nosso? Ele também tem a resposta: "Então dança". Já o Dener, ah, Dener amaria a Adriana e mataria e morreria para aprender a maquiar os olhos da maneira dela. E, olha, acho que eu também, viu?

Pensamento fashion para o primeiro dia de primavera


"Não se joga uma roupa fora só porque é primavera. Sou contra a moda que não dure, é meu lado masculino"

Coco Chanel

domingo, 18 de setembro de 2011

Audrey Tautou: minimalismo encantador

Ah, as francesas. Elas têm um charme, uma beleza natural, uma coisa assim que não dá para explicar. Brasileiras são lindas, mas há algo nas meninas da França que escapam das demais mulheres do mundo. Entre tantos rostos e nomes, Audrey Tautou personifica bem essa graça, esse ar cool. Em 'Uma Doce Mentira', filme que já nasce clássico por falar de amor de uma forma tão leve, Audrey brilha em cada aparição. Engraçada, enigmática, dura, doce e insolente. Tudo ao mesmo, sem cair na caricatura. Para arrematar, ela desfila com looks simples, quase puros, de um minimalismo surpreendente. E encanta com cada um deles. Para ver, amar e copiar, assim como tantas outras francesas que perfumam o mundo por aí. Dener amaria Audrey porque tinha uma coisa que ele não era: bobo. Isso não.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Um grito daqueles que não se quer ouvir


"O último grito da moda não é necessariamente aquele que quero ouvir". Essa frase, que vez por outra aparece nas revistas, é uma das mais sábias que já li. A cada temporada surge uma série de novidades com fôlego para encher até 400 páginas, mas algumas delas definitivamente se enquadram no quesito grito que não quero ouvir, muito menos embarcar. Nesta temporada não há nada que tire o posto de "tirem as crianças da sala" das saias longas transparentes. Coqueluche entre as it girls - juro, Bianca Brandolini já foi fotografada com um modelo desses -, a tal saia da vez é deselegante e nada sexy. Isso sem falar que derruba a mulher, tenha ela 1,80 ou 1,50. Nada pode ficar bem combinado a uma peça que bem poderia ter saído do guarda-roupa de Morticia Addams. É crime fashion, não tem jeito. Dener acharia a saia longa e transparente o fim do mundo, com certeza. E eu, bem, eu concordaria com ele.

domingo, 11 de setembro de 2011

Pensamento fashion para todas as horas

"Ter timing é fundamental - e elegantérrimo. Quando você tem uma percepção mais aguçada do tempo - para identificar o instante de começar, continuar ou interromper alguma coisa - tudo flui melhor. Ter timing é saber o momento certo de sair de cena"

Costanza Pascolato, em 'Confidencial'

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Elas estão com a cabeça quente

(matéria publicada no Jornal da Tarde, no caderno Variedades, em 4 de setembro. Foto: TV Globo/Divulgação)

Queridinhos das famosas e cheios de atitude, os cabelos ruivos pipocam na TV, cinema e vida real

ANA CAROLINA RODRIGUES

Nas últimas festas e premiações da TV e do cinema americano, o vermelho coloriu muito mais do que o tradicional tapete reservado aos astros e estrelas da noite. Uma verdadeira onda ruiva começou a tomar conta dos cabelos femininos no primeiro semestre deste ano e só ganhou força desde então. Musas como Blake Lively e Scarlett Johansson embarcaram na tendência e transformaram as madeixas de tons vermelhos em desejo imediato da estação.

A vontade de esquentar os fios ganhou reforço da presença marcante e graciosa de “cabeças quentes” na TV e no cinema. O premiado'A Árvore da Vida', filme ganhador da Palma de Ouro em Cannes deste ano, por exemplo, traz a bela Jessica Chastain ostentando cabelos ruivos combinados com looks de pegada cinquentinha. Uma união muito sedutora.

Por aqui, a atriz Marina Ruy Barbosa, de 16 anos, é a dona da cabeleira que tem atiçado nas mulheres a vontade de colorir os fios. Intérprete de Alice na novela 'Morde & Assopra', a jovem apareceu em primeiro lugar na lista dos dez cabelos que mais despertaram a atenção dos telespectadores da Globo em julho. “Eu adoro a cor e o volume dos meus cabelos e sempre tentei preservá-los. Quando tinha 10 anos , fui escolhida para fazer a novela 'Belíssima' e queriam cortar meu cabelo. Chorei muito e consegui evitar”, conta ela, que é ruiva natural.

Hoje em dia, no entanto, Marina sabe que, por causa da profissão, pode ter de mudar de estilo e quem sabe, de tonalidade. “Mas vou tentar manter enquanto for possível”, diz a artista, que faz uma hidratação por mês e não sai de casa sem aplicar um bom protetor solar nos fios.

Ruiva há mais de dez anos, a apresentadora Julia Petit, de 39 anos, nasceu de cabelos castanhos, mas é apaixonada por madeixas avermelhadas. “Acho muito chique e sensual, porém é uma cor que requer mais manutenção do que as demais”, explica. Experiente na arte de deixar cabelos impecáveis, Julia conta que o segredo está em descobrir, aos poucos, a cor que melhor se adapta ao estilo da futura ruiva. “O melhor é ir fazendo luzes aos poucos até chegar no tom desejado, para não estranhar”. Ela mesma já teve dificuldade nesse quesito. “Houve época em que deixei um pouco mais claro, mas não me adaptei”. Para manter uma de suas marcas registradas em dia, a apresentadora do GNT usa ampolas de fixação de cor – “os tons ruivos desbotam facilmente”, justifica -, xampu sem sal e não descuida da hidratação. Julia recomenda ainda uma visita ao salão a cada três semanas.

Cabeleireiro da apresentadora Angélica e da presidente Dilma Rousseff, entre outras famosas, Celso Kamura atesta o sucesso dos ruivos levando em conta o movimento de seus salões, um no Jardim Paulista, outro em Campinas (SP). “O pedido por essa cor aumentou bastante nos últimos tempos, cerca de 30%”, conta ele. Segundo Kamura, os fios avermelhados das celebridades não são os únicos que podem explicar esse desejo crescente pelos tons rubros. “No Brasil isso acontece também porque o inverno pede algo um pouco mais quente. No geral, muitas loiras estão optando pelo acobreado e evitando o reflexo.”

Toda a popularidade do ruivo, no entanto, não faz com que ele seja um curinga daqueles que caem bem em todas as mulheres. É preciso levar em conta uma série de fatores, alguns muito mais subjetivos do que a cor da pele, por exemplo, para embarcar sem medo na tonalidade. É consenso que os vermelhos caem melhor para as mais branquinhas, mas o estilo também conta muito. E aí, só cara a cara com o profissional para avaliar o que é mais indicado. “Fica melhor para aquelas que têm mais atitude também, porque é um cabelo para quem gosta de ousar”, analisa Kamura. “É perfeito para as modernas e irreverentes”, completa o cabeleireiro Rodrigo Ferreira, do Studio W Higienópolis. E como se tornar ruiva sem medo? J. Alvim, do Studio W Iguatemi, dá o caminho das pedras. “Cabelos naturalmente nos tons de loiro, claro ou escuro, chegam com mais facilidade ao ruivo, não precisando passar por descoloração”, explica. “Um tonalizante pode dar o resultado desejado. Já as morenas, se não quiserem descolorir, podem fazer reflexos em vários tons de vermelhos que, mesclados à cor natural, dão resultado ótimo. Mas se optarem pelo vermelho total, é necessário descolorir antes”.

domingo, 4 de setembro de 2011

Uma ideia na mão e um sapato na cabeça

Dener tinha problemas com Clodovil. Ou pelo menos, ele gostava que acreditassem nisso. Em suas biografias, há registros de viagens e baladas ao lado do rival. Por isso, acho bem possível que tudo não passasse de uma bela jogada que rendia, e isso eles sabiam bem, publicidade para ambos. Já Chanel detestava mesmo Elsa Schiaparelli, a estilista que ela chamava de 'A Italiana' e que ousou colocar um sapato, feito chapéu, na cabeça das mulheres.


Se a marca de Chanel era a elegância e a simplicidade limpa e pura, Schiaparelli gostava de brincar com a moda, não por acaso, ela criou um vestido estampado por uma lagosta. Elas se odiaram de verdade o quanto puderam e, se fosse hoje, essa relação certamente estamparia capas e mais capas das revistas semanais.

E na onda de fazer valer suas máximas, campo em que Chanel era rainha - ela não perdia a chance de dizer frases de efeito sobre moda, vida e amor -, A Italiana postulou 12 mandamentos para a mulher, maneira de mostrar que ela também podia formular frases. Achei interessante e alguns bem válidos ainda hoje. Então, lá vão eles:
1) Uma vez que a maioria das mulheres não se conhece, elas devem tentar fazer isso
2) Uma mulher que compra um vestido caro e faz mudanças nele, frequentemente com um resultado desastroso, é extravagante e tola
3) A maioria das mulheres é cega para cores. Elas deveriam pedir sugestões
4) Lembre-se: 20% das mulheres têm complexo de inferioridade. Setenta por cento têm ilusões
5) Noventa por cento das mulheres têm medo de aparecer muito e do que as pessoas vão dizer. Por isso, compram um conjunto cinza. Elas deviam ousar ser diferentes (senti uma alfinetada em Coco aqui)
6) As mulheres devem ouvir e pedir apenas críticas e conselhos abalizados
7) Mulheres devem escolher roupas sozinhas ou na companhia de um homem
8) Elas nunca devem comprar com outra mulher, que às vezes consciente ou inconsciente é capaz de ter inveja
9) Ela deve comprar pouco e somente o melhor ou o mais barato
10) Nunca faça o vestido se ajustar ao corpo, mas treine o corpo para se ajustar ao vestido
11) Uma mulher deve comprar preferivelmente em um lugar onde ela é conhecida e respeitada, sem ficar correndo de uma loja para outra experimentando todas as novas modas
12) E ela deve pagar as suas contas

Bem, não sei de onde Schiap tirou tanta estatística, mas alguns dos mandamentos bem cabem ainda hoje. Tirando claro essa parte de que mulher não deve fazer compras com outras mulheres. Vai ver que era por isso que Chanel tinha lá suas diferenças com ela. Dener, bem, Dener certamente odiaria A Italiana também, afinal de contas, ele se considerava a Chanel brasileira. Pode ser que ele via em Clodovil algo meio Schiap ou talvez apenas o tenha escolhido para ter um rival assim como Coco. Mas isso é coisa que ninguém nunca vai saber. Certeza mesmo é que chapéu sapato é para poucas, bem poucas.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Pensamentos fashion para uma sexta-feira fria de uma semana estranha estranha


"Todo dia eu simplifico alguma coisa porque todo dia eu aprendo alguma coisa"

"Hoje em dia a moda é apenas uma questão de comprimento da saia. A alta moda está condenada porque é feita por homens que não gostam das mulheres e querem se divertir com elas"

Coco Chanel (frases tiradas de 'O Evangelho de Coco Chanel')

Ele quer desfilar no palco


(Entrevista publicada no 'Variedades', no 'Jornal da Tarde', dia 28 de agosto)

Fause Haten não costuma falar quantos anos tem. “Não faço a menor idéia”, diz o estilista, entre risos, ao ser questionado sobre o assunto. Se a idade dele não é de domínio público, o mesmo não se pode dizer de sua obra. Com o nome estabelecido no mundo da moda e, cada vez mais, envolvido em projetos que extrapolam as passarelas, Fause acaba de lançar seu primeiro disco, o CDFH. O trabalho é resultado de um projeto que começou a pouco mais de quatro anos, com uma inquietação que o levou a cursos de teatro e canto. Em seguida, naturalmente, Fause se entregou a uma série de shows de janeiro a dezembro de 2010. a experiência se revelou muito mais do que uma necessidade passageira de ir além do mundo fashion. Hoje, Fause quer fazer turnê e gravar um DVD. Isso em meio à concepção da próxima coleção de inverno, de um curso de clown e da gestação de um livro autobiográfico para 2012.

Como chegou à conclusão de que era hora de gravar um CD?
Baseado nas sensações e nas experiências de palco daquele período de shows, resolvi que era hora de parar e fazer um trabalho. Eu e o André (André Cortada, maestro, produtor, compositor e parceiro musical do estilista) pensávamos em fazer um cd com umas seis ou sete músicas nossas e mais algumas de outros compositores. No final, entramos num ritmo tão potente de composição que fizemos quase 20 músicas. Aí falamos: “então é isso”. Não vamos por música de ninguém. Vamos fazer o trabalho autoral, os covers ficam no set do show. Foi um grande aprendizado.

Quanto tempo levou para o disco ficar pronto?
Começamos em dezembro de 2012 e concluímos em julho.

Para você gravar um álbum foi mais fácil ou mais difícil do que pensava?
Não vou dizer que foi fácil ou difícil, posso falar das surpresas que tive. Surpresas no bom sentido. Eu pensava na música como um conjunto e, ali gravando, comecei a pensar na música por instrumento e isso foi muito interessante para mim. É como aprender a costurar, começar a perceber parte por parte daquilo.

Quando pegou o produto final, sentiu que era isso mesmo que queria ou faltou algo?
Não, era exatamente isso. Esse é o meu disco de hoje, não sei qual será meu disco de amanhã. Isso é o que eu tenho de melhor para oferecer hoje. Como tudo na vida, as pessoas podem gostar ou não, mas é um trabalho bem feito, elaborado e com um pensamento poético.

Todas as músicas foram pensadas para o disco?
Sim. Eu e o André nos encontrávamos duas vezes por semana e começávamos a compor. Eu, normalmente, fazia as letras em casa, chegava lá com elas prontas, algumas eu já tinha uma idéia de melodia. Levava para o André o material e ele me ajudava a organizar aquilo.

As músicas falam muito da necessidade do outro, de amor. Foi uma coincidência ou é o reflexo de uma fase apaixonada?
Eu acho que esse CD fala de mim no ano de 2012 e 2011, claramente. Não vou te dizer que tudo isso é autobiográfico. São coisas que eu vi, que ouvi, coisas que vivi de fato. Eu tenho essa coisa do amor na minha vida, gosto de amar, esse é um assunto forte para mim.

Quem você acha que vai comprar seu disco? Quem é seu público?
Não tenho a menor idéia. Estou super curioso, até porque é um disco que tem um certo ecletismo, tem uma coisa forte, mais vibrante, ao mesmo tempo, tem um lado doce.

Quer fazer turnês?
Sim, pelo amor de Deus. É o que eu mais quero. Esse é o grande prazer. É bom ficar no estúdio, mas o bom mesmo é estar no palco. Agora é um pouco a hora de as pessoas verem o trabalho e começarem a chamar a gente. Se me perguntam se vou seguir carreira eu digo que, quando comecei a fazer roupa, eu não sabia se seguiria carreira. Eu só fiz. A mesma coisa vale aqui. Não estou procurando reconhecimento. Já tenho isso. Sabe aquelas coisas que você precisa fazer? Não tem explicação. Pode ser que todo mundo odeie, tenha aversão ao disco, mas eu, Fause, precisava viver isso.

O que ouvia quando era adolescente?
Eu ganhei uma vitrolinha quando era moleque, com dois discos. Um da Diana Ross e um do Elvis Presley. Obviamente, adoro os dois. As vozes masculinas são muito importantes para mim, ao mesmo tempo as vozes femininas negras também me encantam muito, ao mesmo tempo as vozes femininas negras também me encantam muito. Sempre fui muito eclético, peguei toda aquela fase dos anos 1980, de Renato Russo, Paralamas, RPM. Mas eu gostava de coisas esquisitas. Eu assistia a ‘Veludo Azul’ e ouvia aquelas trilhas absurdas.

Sua casa era musical? Seus pais gostavam de música?
Não. Eu sou bem diferente de todos eles, em todos os sentidos.

Chegou a pensar em ter banda quando adolescente?
Nunca na vida. Isso é engraçado, porque hoje parece um coisa natural. Nunca pensei em cantar antes.

O que essa experiência com a música trouxe para sua moda?
Cada dia percebo que meus desfiles se transformaram. Não consigo me conformar em colocar uma modelo andando em linha reta e saindo. Meu ultimo desfile era uma performance. Estou conseguindo exercitar todas as minhas vontades criativas. É muito limitado para mim só fazer roupa. Eu não dou conta.

FACETAS DE FAUSE

Em janeiro de 2006, o estilista recrutou a cantora Maria Rita para se apresentar durante o desfile masculino da coleção de inverno de sua grife, na São Paulo Fashion Week.

O estilista foi responsável pelo figurino do musical ‘Jekyll & Hyde – O Médico e O Monstro’, que estreou em julho do ano passado.

Em fevereiro deste ano, na são Paulo Fashion Week, Fause fez um desfile teatral. Um piano entrou em cena e os presentes viram uma performance de dança.

Textos narrados por Fause, som de caixinha de música, e modelos vendadas e conduzidas pelo estilista na passarela marcaram a apresentação de junho, na última edição da SPFW.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Eles também vão ficar de pernas de fora


(matéria publicada no Variedades, no Jornal da Tarde, dia 21 de agosto)

A quatro meses do verão se instalar por aqui, as semanas de moda internacionais e nacionais indicam que a estação mais quente do ano, além de braços desnudos, terá muita perna masculina à mostra. Lá fora, a tendência apareceu, entre outras grifes, nas passarelas de Valentino, Dolce & Gabbana e Hermès. Em território nacional, na última edição da São Paulo Fashion Week, os shorts masculinos deram as caras, cheios de bossa e em versões bem usáveis, nos desfiles da Reserva e da Osklen. Presença tímida nas ruas desde o verão passado, os modelos têm tudo para ganhar força neste ano, graças à variedade de seus materiais e modelagens. “Ninguém melhor do que o brasileiro, que é acostumado com praia e calor, para ter toda intimidade com os shorts”, diz a consultora de moda Lilian Pacce. Segundo ela, o uso da peça se espalhará mais facilmente entre os rapazes ligados nas passarelas, mas tem potencial para conquistar também os tipos tradicionais, já que ganhou versões mais “arrumadinhas”. “Aconteceu igual com os modelos femininos. Começou com os mais informais, mas aí vieram shorts com preguinhas, de alfaiataria, e eles ganharam outra cara”, analisa Lilian.

Fã incondicional dos shorts e apaixonado por um modelo branco da Gucci, o consultor e stylist Arlindo Grund diz que está mais do que na hora do brasileiro se render à curta-metragem da peça. “Os shorts são super usáveis e deveriam estar no guarda-roupa masculino há tempos, por causa do nosso clima. Muitas vezes, os homens ficam só na calça cáqui, nos docksides (versão esportiva do mocassim), na camisa azul e no blazer preto, sem abrir a cabeça para a moda”, emenda o stylist.

O fato de os especialistas aprovarem as pernas de fora não significa, no entanto, que os shorts são fáceis de usar. Pelo contrário: é necessário ter atenção para que a peça não ultrapasse a linha do bom senso. “Tem de tomar cuidado para não ficar vulgar”, alerta Lilian. E para que isso não aconteça, é preciso ter em mente que os shorts, ainda que sejam de alfaiataria e estejam acompanhados de bons acessórios, não transitam facilmente do lazer para o ambiente de trabalho. “A não ser que o rapaz tenha uma profissão bem informal, como produtor de moda, por exemplo. O erro e a vulgaridade ocorrem quando se usa em um ambiente inadequado”, completa Grund.

E para fugir de qualquer inadequação, vale lembrar ainda que os shorts têm tudo a ver com homens altos e magros, o que não impede que os baixinhos e gordinhos embarquem na tendência. Para isso, basta prestar atenção a alguns detalhes. Entre eles, o de que os shorts podem diminuir visualmente a silhueta, encurtando a perna. Quem está acima do peso deve optar por uma peça escura e que não fique afunilada. Os magros que não desejarem parecer alongados demais podem usar modelos mais claros. Consultora de imagem e personal stylist, Andrea Muniz diz que o importante, acima de tudo, é que o homem não tenha problemas em mostrar o corpo. E recomenda: “os shorts mais curtos ficam melhor nos jovens”.

Fashionista e apresentador do programa 'Universo da Moda' (Mega TV), Max Fivelinha diz que as sandálias de couro são uma das opções mais bacanas para acompanhar os shorts masculinos. Lilian Pacce concorda: “Desde que seja uma boa sandália, fechada atrás. Um mocassim sem meia também cai bem”. Para os que não têm medo de novidades, Grund indica as espadrilhas (calçados com solado de corda) masculinas. Para criar um look harmônico, um bom acompanhamento na parte de cima é fundamental. E aí vale a regra: pernas à mostra pedem tops mais cobertos. Polos, camisas ou uma camiseta estruturada dão conta do recado. (Ana Carolina Rodrigues)

domingo, 21 de agosto de 2011

Um sonho de figurino


Indicado ao Oscar deste ano na categoria figurino - prêmio que não levou - 'Um Sonho de Amor', longa italiano protagonizado por Tilda Swinton, é muito mais do que um desfilar de lindas roupas. É um drama familiar daqueles, em que ninguém sentado ao redor da rica e bela mesa de jantar é o que aparenta ser. E as máscaras vão caindo à medida que a narrativa de Luca Guadagnino fica mais densa, e as imagens, mais interessantes. Ainda que não seja a única coisa que chama a atenção na tela, o figurino composto por peças de Fendi e Jil Sander é de fazer sonhar. E de deixar Tilda mais linda a cada aparição. Não dá para não sair do cinema louca por um guarda-roupa minimalista e elegante como o de Emma. Dener amaria, lógico.