sábado, 17 de dezembro de 2011

Um ano bem Galliano

Falta pouco, bem pouco, para que 2011 dê seus últimos suspiros. Mas em um ano como esse é melhor ter certeza de que ele, gentilmente, cederá espaço para os próximos 365 dias sem criar mais nem um de seus contratempos. 2011 teve seu brilho, ah, isso é verdade. Seria injusto e até uma bobagem negar. No entanto, quando ele se recusou a brilhar, não houve glitter ou paetê capaz de reverter a situação. Pessoalmente falando, 2011 me fez sentir como a Dior que, no meio de uma calmaria sem tamanho, dias e dias de alta-costura, assistiu a Galliano surtar e jogar toda a segurança, a organização e o orgulho da grife em um mar - revolto - de incertezas. Mas como moda e a vida cotidiana têm tudo a ver, mais uma vez, da crise, vieram boas ideias. A Dior colocou mais de uma dezena de funcionários na passarela ao fim de seu primeiro desfile sem Galliano, causando o burburinho fashion da temporada. E eu, bem, eu não precisei fazer desfile nenhum, pelo menos por enquanto. Se não me sinto uma Dior, estou, ao menos, como uma fast fashion - mas daquelas que fazem parcerias com grandes estilistas e que causam frisson a cada nova coleção, claro.

Em 2011 eles deram o que falar:



  • Janeiro: Dilma assumiu a presidência, usando saia nude e cabelo by Celso Kamura. Ela mostrou a pouca habilidade com salto, mas também que não é isso que importa por ali. Pena que o ano passou e ela não evoluiu para um vestidinho

  • Fevereiro: John Galliano, claro. Bebeu - não sei se foi só isso, confesso - e caiu naquela tentação que acomete os alterados: dizer um monte de bobagens. Fez comentários considerados antissemitas e perdeu o cargo de estilista da Dior, que mantinha há mais de dez anos. Big mistake

  • Março: e viva o fast fashion. Todas, todas mesmo, grandes redes fizeram parcerias com fortes nomes da moda. Todo mundo pode ter um Pedro Lourenço, Cris Barros e Stella McCartney para chamar de seu por preços convidativos. Só um problema: muita coisa só é encontrada em numerações a partir do 38. Disso ninguém falou



  • Abril: Gisele Bündchen lança sua primeira coleção para a C&A. Mais uma vez o problema das numerações aparece, mas, sinceramente, pouca coisa realmente valia a pena. O casamento de Kate Middleton e William trouxe de volta o desejo pelo vestido de noiva à la Grace Kelly, isso foi muito bom. Por outro lado, os fascinators usados no dia da celebração criaram o maior oba oba, mas gente, não rola. Aqui no Brasil, melhor não

  • Maio: Alexander McQueen é homenageado em Nova York com uma exposição que o mundo inteiro viu e comentou

  • Junho: todas as grandes modelos da atualidade desfilaram nas semanas de moda do Rio e de São Paulo. De longe, o melhor deles foi o da Osklen. Das passarelas veio todo o tropicalismo que já havia pipocado lá fora, principalmente na Prada

  • Julho: Gisele Bündchen é a estrela do mês na Vogue Brasil e a revista coloca nas bancas quatro capas diferentes com a über top

  • Agosto: o mês que valeu por pelo menos três trouxe a São Paulo uma exposição de Steven Klein

  • Setembro: o mundo volta seus olhos para a moda brasileira e todas as grifes que importam fecham acordos para abrir lojas por aqui, entre elas Lanvin e Miu Miu

  • Outubro: mês de rock in Rio e a música - principalmente o rock - influenciou fortemente as tendências do momento

  • Novembro: morre Loulou de la Falaise, amiga e musa de Yves Saint Laurent, e a Daslu abre sua primeira loja no Rio. Por lá, o forte serão as peças de etiqueta própria, um pouco diferente do que vemos em São Paulo. Pelo menos por enquanto

  • Dezembro: mais fast fashion em alta. Riachuelo e C&A ganham novas e inspiradas coleções de figurões da moda. O verão se aproxima com muita saia longa, espadriles, vestidos de laise, peças florais, sapatos coloridos e uma necessidade urgente de acessórios corais. A oncinha dá um tempo para que a estampa figurativa de bichos - tucanos, leopardos e araras - estampem camisetas. Píton é obrigatório

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