sábado, 25 de junho de 2011

Ah, o Dener...

Entre tantas boas histórias de Dener, a que mais me emociona:




"Veio me falar uma senhora muito distinta, vestida com simplicidade mas bom gosto. Expôs seu problema que era mais ou menos o seguinte: a filha ia casar-se com rapaz de família muito rica, contra a vontade dos pais do noivo que reclamavam a condição social da noiva. Era uma moça bem instruída mas que perdera o pai que tinha boa posição, e a família vivia na base de uma aposentadoria de quinhentos réis.

Só de maldade, os pais do noivo deram ao rapaz os presentes mais caros e que só seriam usados por ele; coisas de uso pessoal masculino. Para completar, mandaram que um grande alfaiate preparasse um terno branco especial para o casamento e deram à noiva dezenas de metros de ótima fazenda, pedindo-lhe que preparasse um vestido à altura do casamento. Sabiam que a noiva não poderia pagar um costureiro e não saberia fazer um vestido de alta classe. Pior é que pelos metros, eles forçavam um vestido espetacular. A menina estava chorando dia e noite e a mãe, sem dizer-lhe nada, veio me pedir, também chorando, que a ajudasse.

Desenhei um vestido sensacional e mandei que minhas costureiras o preparassem. As provas foram feitas na cada de uma delas. O vestido não levou minha etiqueta e ninguém, nem a noiva, ficou sabendo quem era o figurinista.

Imaginem o espanto de todos quando a noiva entrou na igreja com um dos vestidos mais sensacionais que se viram em São Paulo. O noivo quase caiu do altar.

Uma das minhas clientes reconheceu alguns dos meus traços, e a mãe da moça acabou cedendo e contando a verdade. Eu disse então que fizera realmente o vestido porque se tratava de uma velha amiga. Como nos contos de fada, tudo acabou bem. A família do noivo dá-se muito bem atualmente com a jovem, que é ótima esposa.

Vocês vêem que de várias maneiras os vestidos podem fazer as pessoas felizes."

De 'Dener - O Luxo', publicado originalmente em 1972

Não tem como não amar "Flashdance"



Há muitos, ainda criança, assisti pela primeira e única vez "Flashdance". Amei o filme, mas confesso, não me lembrava de nada além da cena incrível de dança ao som de "What a Feeling", o hit que, tenho certeza, colocou muita gente para dançar na frente do espelho. Pois bem, hoje o VH1 prestou um serviço de utilidade pública e exibiu o filme. E para minha surpresa, descobri que a mocinha que trabalhava como soldadora e sonhava em ser dançarina era leitora assídua da 'Vogue' francesa. Detalhe: ela não entendia uma única palavra do que estava ali, comprava apenas para ver as fotos. Melhor que isso, só o romance dela e do bonitão da vez, embalado por 'Lady, Lady, Lady'. Muitos anos depois, "Flashdance" revelou ser a história de uma fashionista soldadora e sonhadora. Não tem como não amar. Nasceu para ser clássico.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Márcio Maio é alta-costura

(roubei essa foto do facebook, mesmo)


Talvez esse post não tenha muito a ver com moda, talvez tenha. A única certeza é que tinha de escrevê-lo. Hoje, 21 de junho, o dia amanheceu com sol em São Paulo, mas era um dia comum. Eu estava bem mais feliz do que nos últimos tempos, mas ainda assim era um dia comum. Eu me animei com pequenas coisas, mas seguia tendo um dia comum. Isso até umas 16h, quando meu telefone tocou e alguém da recepção do jornal avisou que havia uma caixa para mim, lá embaixo. Ao receber o embrulho, surpresa: Márcio Maio havia me mandado uma caixa com 30 tabletes de chocolate (diet). Mas havia muito mais ali naquela caixa, cujo pedido havia sido feito do Rio de Janeiro. Existia um cartão, num envelope vermelho, com uma mensagem que encheu meus olhos de água. Eu respeito muito quem manda cartas e bilhetes, sabe.


Márcio Maio é um dos jornalistas especializados em TV mais conhecidos do Rio. Talvez ele não saiba, mas há anos, muito antes de nos tornarmos amigos, eu já o via reinar no território hostil das coletivas de novela. Quem nunca fui numa coletiva dessas não sabe como sofre o repórter que cobre televisão. Muitas vezes, o encontro da imprensa com os atores lembra o cenário de uma guerra. A gente entrevista um, rezando para não perder outro artista de vista e olhando para o próximo a ser entrevistado. No meio de tudo isso, Márcio Maio sempre achou tempo para ser simpático e solícito com quem quer fosse. Mesmo que a pessoa em questão fosse uma estagiária de um jornal regional (no caso, eu).


O tempo passou, outros jornais e coletivas vieram, assim como a chance de conhecer o Márcio. Se eu já tinha grande admiração por ele, foi numa viagem de dois dias ao Rio que ele me ganhou de vez. Depois de uma pauta extenuante no Piscinão de Ramos, no fim de 2009, ele gentilmente se prontificou a levar os jornalistas de São Paulo para jantar. Ele nos esperou na porta do hotel, indicou um restaurante e, na hora de irmos embora, pagou a conta de todos nós. Um gesto e tanto, uma vez que tínhamos bebido e comido pelo dia inteiro de trabalho. No caminho de volta, mais delicadeza. Nos guiou até o hotel em Ipanema e só foi embora quando todos estavam com as chaves de seus quartos em mãos. Não me esqueço desse dia, muito menos do cuidado dele.


Hoje, com a caixa de chocolates que ele me enviou nas mãos, essas lembranças se agitaram na minha cabeça. Há pouco mais de um mês o vi pela última vez, aqui em São Paulo. Sentamos lado a lado numa entrevista coletiva, e ele salvou meu dia. Com sua conversa, sua energia, sua alegria. Há uma semana, falamos muito pelo msn e eu só queria que ele estivesse ao meu lado (ou ao menos em São Paulo) para conseguir abraçá-lo. Hoje, de certa forma, ele fez isso. Ainda que a caixa do correio estivesse vazia, já me alegraria pensar que alguém tão especial como ele pensou em mim. Mas ele foi além: se deu ao trabalho de escolher um mimo e pedir para me entregar no trabalho. Gentileza, delicadeza e carinho assim definitivamente não saem de moda. Em tempos de fast fashion, Márcio Maio é pura grife, é alta-costura das boas. Dener amaria o Márcio, não tenho dúvida, já que era mestre em valorizar o que era realmente bom.

Pensamento fashion para uma terça-feira feliz

"Minha regra essencial é a de alongar as mulheres e, em particular, torná-las esbeltas. Depois disso, é só acrescentar joias que elas ficam felizes"

Yves Saint Laurent

domingo, 19 de junho de 2011

Pensamento fashion para começar mais uma semana

"O rosa é a cor mais doce de todas as cores. Toda mulher deveria ter alguma coisa rosa em seu guarda-roupa. É a cor da alegria e da feminilidade"

Christian Dior

Tirem as crianças da sala 2 - o lenço palestino se chama Keffiyeh

Depois de ver muitos lenços palestinos para lá e para cá na cidade, recebo uma informação de Felipe Cruz. Sim, Felipe, o mesmo que apareceu num post aqui numa pose à la Dener Pamplona há algum tempo. O mesmo também que me fez reparar que a Cia. do Terno é patrocinadora do futebol nacional. Enfim, esse mesmo Felipe não gosta que o abominável lenço seja chamado de palestino. Para ele, é um lenço quadriculado e preto e branco. Ok, aceitei depois de umas dez discussões sobre o assunto. Mas a preocupação dele com o acessório é muito maior do que com o nome. Voltando à informação, ele me escreveu a esclarecedora mensagem: "não é lenço palestino. Descobri agora o nome original em árabe: Keffiyeh. E, pasme, hoje ele é quase que inteiramente fabricado na China e não na Palestina". E, graças ao Felipe, vamos dormir com um barulho desses, torcendo para que o Keffiyeh não apareça em nossos sonhos e muito menos em nossos pescoços. Dener, bem, sinceramente, eu não sei o que acharia de tudo isso.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Pensamento fashion de Dener para encerrar uma semana de moda

"A mulher elegante não é imitada porque aparece menos nas revistas (…), mas é quem lança a moda e faz os grandes costureiros"

Dener Pamplona de Abreu

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Pensamento fashion para um dia de dolce far niente

"Você sabe o que é isso?
São sapatos mary jane de Manolo Blahnik.
Eu achava que eles eram uma lenda urbana dos sapatos!"

Carrie Bradshaw, em 'Sex and The City'

Não dá para não amar...a criatividade das tendências

Assim como os esmaltes, algumas tendências que pipocam o ano inteiro aqui e ali têm nomes incríveis. As pessoas que as batizam deveriam receber um prêmio, acho. E não só pelo nome, mas pelo significado que as novidades têm às vezes. Uma que chamou minha atenção nos últimos dias foi a tendência para bolsas chamada MILK. Não, não tem nada ver com comida, muito menos com alguma dieta do momento. MILK é a abreviação de money (dinheiro), ID (carteira de identidade), lipstick (batom) e keys (chaves). Resumindo: a bolsa (ou clutche) do momento é aquela em que há espaço apenas para os quatro itens acima. Nem o telefone entrou nessa lista, o que me deixou um pouco intrigada em tempos em que todo mundo parece ter nascido conectado. Mas tendência é tendência, acho que isso não se discute. Dener acharia estranho, com certeza. Ele não era do tipo que combinava com o famoso "menos é mais". E para ser bem sincera, acho que mulher também não combina muito com a máxima quando se trata de bolsa. Mas essa é a tendência que tem para hoje.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Puxado na realidade, bom na ficção

Ah, o amor. Às vésperas do Dia dos Namorados, ele está por todos os lados, nem que seja em forma de palavra, nas vitrines, disputando espaço com corações vermelhinhos e perfeitos que tomam conta da cidade. Bem, o amor está em todos os lugares, desde sempre, acho. Tenho até desconfiado de que não há músicas ou filmes que falem de outra coisa. O que é ótimo para quem está apaixonado e um pouco angustiante para quem não está. Mas nada que tire do amor - feliz ou não - o mérito de produzir (ou ter produzido) versos e imagens memoráveis para todos os tipos de corações, dos que vivem em estado de graça aos que andam meio abalados. Nessas épocas, em que datas se impõem com força, é inútil lutar contra. Até porque, quem é que vai querer lutar contra o amor? Não é das coisas mais sensatas e justas a se fazer. Nunca, independentemente da situação. Amar é ótimo. Se o sentimento estiver aliado a um belo figurino melhor ainda. E se a realidade anda puxada, nada como recorrer à ficção, já que amor e moda sempre resultam em encontros ótimos, mesmo que na tela do cinema.


"As Pontes de Madison" - esse é para os bem corajosos, mas muito corajosos mesmo. Os looks retrôs de Meryl são demais.

"Sex and The City- O Filme" - não é dos mais tranquilos, mas quando a coisa aperta dá para prestar atenção nos figurinos e abstrair a cena da Carrie sendo deixada no altar.

"De Repente 30" - os looks frescos e bem menina são demais. E a história é bem leve, mas eu sempre choro, mesmo em bons momentos. Mas não há alegria maior do que ver a cena em todo mundo entra na dança com "Thriller".

"500 Dias com Ela" - eu achava esse bem leve, mas há duas semanas descobri que é para corajosos também, mas os looks de Summer são incríveis. E tudo dá certo no final, como na vida.

"Bonequinha de Luxo" - esse está super liberado. O romance é dos bons, mas é suave e leve. Além do figurino matador, que trouxe para os guarda-roupas o vestidinho preto, sapatilhas e calças cigarretes, a protagonista chama seu gato simplesmente de gato.

"Johnny e June" - lindo, lindo, lindo. História de um amor complicado, mas que vence tudo. Então já vale a pena, assim como os vestidos graciosos da Reese. Clássico.


"Orgulho e Preconceito" - é lindo, mas acho que é para os corajosos também. Romance mais mental, figurino de época, rico e fino.

"Ele não Está tão a Fim de Você" - pode ser sofrido de ver, mas é tão divertido. Mocinha estilosa até dizer chega com seu estilo retrô. E ver e querer copiar.

"Uma Linda Mulher" - clássicooooo. Assistir e sonhar, é a única coisa que acontece. Programão que não compromete, nunca. Vestidos de noite demais.


"Dez Coisas que Odeio em Você" - é o mais Sessão da Tarde de todos, mas me toca de alguma forma. A última cena é para os corajosos, logo, eu estou fora, mesmo amando. Looks colegiais, para matar a saudade da época da escola, em que a gente cometia crime fashion contando com a impunidade.

domingo, 5 de junho de 2011

Versinho fashion (ou uma quase oração) para a vida

"...Se a tristeza
Se a saudade
De repente vêm
Eu me lembro das coisas
que amo e então
De novo me sinto bem!"

emprestado do filme "A Noviça Rebelde", cabível para várias situações que não a original

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Mais fácil olhar do que usar


Ele não é um sapato fácil, daqueles que a gente coloca e sai, cinco minutos depois, com a certeza de que tudo está certo. O oxford é um modelo complicado. O nome não é leve, ele nasceu para os pés masculinos e não dá para negar que há algo de invocado nele. Não é das escolhas mais seguras, portanto. Mas segurança, eu acho, é artigo de luxo hoje em dia. Em tempos tão instáveis, resolvi que era hora de apostar num par de oxford.

Há pelo menos um ano, os oxford viraram estrelas dos editoriais de moda. Desde então, apareceram modelos de todos os tipos, com salto, de verniz, de borracha, dourados, com glitter, bicolores, e os mais tradicionais, sem muitos detalhes, iguais aos que eu via quando era criança (lá se vão bons anos). Primeiro, eles me causaram estranhamento, depois desejo. Mas e cadê a coragem? Ela apareceu com tanta força, de uma hora para outra, inflada por um bônus numa loja, que eu escolhi logo um par verde, todo vazado. Ele é lindo, lindo, mas confesso que tem sido mais fácil olhar para ele do que usá-lo.

Por enquanto, meus oxford só saíram para ir ao cinema, num domingo de muito frio. Sem querer fazer muito alarde, eu escolhi a roupa mais básica do mundo e fui, pensando "ninguém está olhando para os meus pés, ninguém está olhando para os meus pés". Ao me encontrar com o Diego, ele me disse logo: "nossa, eu adoro esses sapatos". Isso antes de ele me dizer oi. Quer dizer, os sapatos chegaram bem antes de mim. Não usei mais. E todo dia eu tenho tentado, com afinco. E quer saber? Eu acho que vou conseguir. Sentir-se segura é muito bom, mas quando isso simplesmente desaparece, o mais correto me parece arriscar e fazer diferente. Exatamente como a moda tem feito há tempos. Até porque não há nada mesmo além disso para se fazer. Dener condenaria os oxford, com certeza. Mas não se pode agradar a todos. Mesmo.