quarta-feira, 1 de junho de 2011

Mais fácil olhar do que usar


Ele não é um sapato fácil, daqueles que a gente coloca e sai, cinco minutos depois, com a certeza de que tudo está certo. O oxford é um modelo complicado. O nome não é leve, ele nasceu para os pés masculinos e não dá para negar que há algo de invocado nele. Não é das escolhas mais seguras, portanto. Mas segurança, eu acho, é artigo de luxo hoje em dia. Em tempos tão instáveis, resolvi que era hora de apostar num par de oxford.

Há pelo menos um ano, os oxford viraram estrelas dos editoriais de moda. Desde então, apareceram modelos de todos os tipos, com salto, de verniz, de borracha, dourados, com glitter, bicolores, e os mais tradicionais, sem muitos detalhes, iguais aos que eu via quando era criança (lá se vão bons anos). Primeiro, eles me causaram estranhamento, depois desejo. Mas e cadê a coragem? Ela apareceu com tanta força, de uma hora para outra, inflada por um bônus numa loja, que eu escolhi logo um par verde, todo vazado. Ele é lindo, lindo, mas confesso que tem sido mais fácil olhar para ele do que usá-lo.

Por enquanto, meus oxford só saíram para ir ao cinema, num domingo de muito frio. Sem querer fazer muito alarde, eu escolhi a roupa mais básica do mundo e fui, pensando "ninguém está olhando para os meus pés, ninguém está olhando para os meus pés". Ao me encontrar com o Diego, ele me disse logo: "nossa, eu adoro esses sapatos". Isso antes de ele me dizer oi. Quer dizer, os sapatos chegaram bem antes de mim. Não usei mais. E todo dia eu tenho tentado, com afinco. E quer saber? Eu acho que vou conseguir. Sentir-se segura é muito bom, mas quando isso simplesmente desaparece, o mais correto me parece arriscar e fazer diferente. Exatamente como a moda tem feito há tempos. Até porque não há nada mesmo além disso para se fazer. Dener condenaria os oxford, com certeza. Mas não se pode agradar a todos. Mesmo.

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