sábado, 26 de novembro de 2011

Lacoste? Desejo imediato

Há uns dois ou três anos, a Lacoste sofria de uma falta crônica de criatividade. Ainda que suas famosas polos continuassem a fazer a cabeça de muita gente mundo a fora, a marca não conseguia agregar novos consumidores. De uns tempos para cá, a grife passou por uma série de mudanças, empregou um estilista jovem e os crocodilos (não jacaré, por favor) voltaram com força total à ordem fashion do dia. Criada originalmente em 1933, a camisa concebida a pedido de René Lacoste, um jogador de tênis cujo apelido era Crocodilo (Le Crocodile) e que queria uma roupa perfeita para o esporte, a polo ganha versões mais descoladas a cada temporada. Isso sem falar nas saias, vestidos, cardigãs e até sapatos que têm pipocado aqui e ali, deixando a vitrine cheia de objetos de desejo. Tudo bem que muita coisa demora a chegar ao Brasil - alguns lançamentos simplesmente não aportam por aqui, mas vale a pena esperar.


(vitrine Lacoste, Oscar Freire)

No fim de semana passado, na loja da Oscar Freire, duas boas novidades saltavam aos olhos de quem passava por ali. A nova camisa masculina, cujo punhos, mangas e bolsos são coloridos (R$ 269) e os sapatos peep toe quadriculados (R$279). Duas maravilhas fashion, daquelas que dão um up imediato no look. Prova de que o verão da grife apostará em peças tão cheias de informação de moda que a polo monocromática, ainda que clássica, pode amargar algum tempo sem sair do guarda-roupa. Dener certamente acharia terrível as linhas simples e limpas da Lacoste. Ele gostava era de luxo, né? Não tem jeito.

Pensamento fashion de Anne Hathaway

"Gosto de me vestir como uma lady. Agradeço a Kate Middleton por ter colocado o "vestir-se apropriadamente" de volta à moda! Até então Hollywood vinha cultuando o look mendigo e o cabelo podrinho, que não têm nada a ver comigo"

Na 'Gloss', de novembro

domingo, 20 de novembro de 2011

Pensamento fashion de Diego Palmieri

"Eu odeio quem fica bem de calça jeans, camiseta branca e All star"

Diego, em uma tarde de passeio pela Oscar Freire

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Poderosos desperdícios fashion


(cabelo incrível, mas o resto...)
Aí um dia alguém disse que para se dar bem no trabalho era fundamental a mulher estar bem vestida. Outro alguém deve ter completado dizendo que quanto mais sóbrio o look melhor. Um terceiro personagem, um pouco mais sisudo, provavelmente postulou que quanto mais parecida com um homem mais a mulher estaria em pé de igualdade com o sexo oposto. Acho até que tem bem um fundo de verdade nisso tudo, principalmente quando o assunto são cargos relacionados ao poder. É preciso ter um ar mais sério mesmo para que uma mulher se destaque em um meio predominantemente masculino, mas eu juro, não aguento mais os terninhos da Angela Merkel, da Christine Lagarde, da Hillary Clinton e da Dilma. A Hillary é de longe a rainha dos piores looks do poder.


(se o azul piscina fica bem em alguém ainda não me avisaram)
Não contente com os terninhos pretos, ela tem um modelo azul piscina capaz de deflagrar uma guerra fashion mundial. Eu não sei quem é que resolveu costurar terninhos coloridos. É crime, daqueles que condenam a 15 anos de reclusão em uma loja de fast fashion em liquidação de Natal, sem direito a troca das peças compradas. A Lagarde, dona de uma cabeleira das mais descoladas do mundo, é a que se sai melhor, mas há dias em que apenas os cabelos incríveis não conseguem salvar. E eu bem sei que a Alemanha não vive seus melhores dias, mas Angela Merkel, por favor, nem um brinquinho?

Imagina o que deve ter de gente querendo vestir essas mulheres com as melhores grifes do mundo. No lugar delas, eu não conseguiria dormir pensando com que roupa eu discursaria na ONU e certamente tentaria fazer com que minha fala fosse noturna, assim poderia eleger uma peça cheia de bossa. A Dilma, bem, a Dilma até agora não se aventurou a fazer nada de novo. E olha que o Celso Kamura acaba de voltar do Japão cheio de ideias, mas a presidente segue firme e forte (assim como seu penteado bem seguro com spray) com seu estilo austero, poucas cores e pouquíssimas saias. Acho uma pena. Uma pena fashion.

Livros e mais livros de moda ensinam que não é preciso muito para deixar o estilo clássico, queridinho das poderosas, com um aspecto mais interessante. Os tecidos podem ganhar novas texturas, os acessórios, mesmo os brinquinhos, formas diferentes. Pontos de cores, como sapatos de tons intensos, também mudam o look, dão mais leveza e alegria. Dener, bem, Dener certamente acharia que as poderosas senhoras do momento ousam pouco e tentaria deixá-las mais descoladas, do seu jeitinho, é claro. E ele daria um jeito fácil, porque terninho e poder não constavam em sua lista de cafonices. De poder ele bem gostava, na verdade. Dizia ele: "Sinônimos de cafonice: calça justa de helanca, sapato e vestido de vedete, amor ao meio-dia. Agnaldo Rayol cantando ópera, pulseira sobre luva, feijoada aos sábados, maquiagem em praia, festa de boate, sair em coluna social, mulher gorda de biquíni, terno branco à noite, peças brasonadas de outras famílias, gumex no cabelo, bicha velha e pobre" (de 'Bordados da Fama - Uma Biografia de Dener'). Assim, não dá mesmo para não amar.

E as máximas de Gabrielle não têm fim

"Nossas casas são nossas prisões; encontramos a liberdade decorando-as"
"A pessoa pode se acostumar com a feiura - nunca se desleixe"
"A verdadeira generosidade é aceitar a ingratidão"
"Eu nunca quis pesar mais do que um passarinho para um homem"
"Sou tímida. Gente tímida fala muito porque não suporta o silêncio. Estou sempre pronta a soltar alguma idiotice qualquer só para preencher o silêncio. E vou, e vou, de uma coisa para outra, para não dar brecha ao silêncio. Falo com veemência. Sei que posso ser insuportável"

Extraídas de 'Dormindo com o Inimigo - A Guerra Secreta de Coco Chanel' (o famoso livro que sacudiu a maison Chanel recentemente)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O que ele falou?

Janeiro de 2011. Primeiros dias do ano, eu e Ana Cecília, a Princess, conversávamos pelo MSN. E era tanto assunto, com atualizações quase que de hora e hora, que nossas mensagens de um dia eram capazes de encher páginas e mais páginas de um jornal standard. Pois bem, no meio de uma dessas longas divagações sobre aquele momento - que não demoraria muito se mostraria um dos mais instáveis possíveis -, a Princess interrompeu uma discussão de extrema pertinência, talvez sobre o poder dos chocolates belgas, não sei, para dizer que já havia decidido como seria seu casamento. Paramos na hora de falar sobre o que parecia a coisa mais importante do mundo há segundos e passamos a pensar na festa de casamento. Minha primeira pergunta foi se ela já havia escolhido qual estilista faria o vestido. Caímos no riso. Era essa a questão que ela tinha certeza que eu faria. O pior. Além de palpitar sobre o vestido dela, escolhi o meu: um tomara que caia champagne (claro, eu teria de estar bronzeada) curto e com várias camadas de tecido. Nos cabelos, um coque bem despretencioso e bagunçado. Tanta, mas tanta coisa aconteceu depois dessa conversa, mas nada foi capaz de apagar as lembranças daquela tarde tão cheia de esperança e graça que compartilhamos, ainda que distantes uma da outra, pela internet.

Essas conversas, profundas e viajantes, acontecem toda a vez que eu a Princess nos encontramos. No MSN, na balada, nas festas, na Livraria Cultura. Acho que isso acontece porque nossa amizade nasceu assim, de um papo maluco, em uma madrugada da Barão de Limeira. Eu mal a conhecia e cansada, com vontade sair correndo pela rua, compartilhei com a ainda Ana Cecília (ela seria Princess bem mais tarde e juro não sei direiro porque inventei esse apelido, embora ela seja mesmo uma princesa) uma história daquelas - naquela época, claro. Hoje aquilo não passa de café pequeno. Mas ali, na redação quase vazia, fomos cúmplices pela primeira vez. Desde então foram tantas coisas, ligações de madrugada, choro abafado, risadas sem fim e a certeza de que se ela estiver por perto nada pode ser tão ruim. Foi por isso, talvez, que em um dia que eu faço uma força surreal para apagar da minha memória, eu liguei para ela e disse: Princesa sei que está ocupada, mas por favor, só me ouve. Eu falei o quanto as lágrimas deixaram. E ela, ocupada, me ouviu, me escreveu e deu um jeito de me ver no dia seguinte.

Além dessa presença que me tranquiliza via msn, sms e enche meu dia de alegria quando pode ser pessoalmente, a Princess sempre tem uma pergunta a fazer. Isso confere a ela uma graça sem tamanho. Sempre tem um "o que ele falou?" na conversa com ela, mesmo que não exista nenhum "ele" na história. E a Princess sempre tem uma ideia fashion no meio do assunto. Semana passada, do nada, ela me disse: preciso de um vestido da Diane von Furstenberg. Eu não vacilei: e quem não precisa?

Isso me fez lembrar que antes de ela partir para um ano em Nova York, em 2010, acho, tive a sorte de ser escalada para cobrir os desfiles de Carnaval ao lado dela. A ideia era chegar no jornal às 20h e virar o dia na avenida. Umas 18h, eu acordo com a Princess ao telefone: "Então, com que roupa você está pensando em ir?". E eu: "Para cobrir o Carnaval, você diz?". E ela: "É, eu não sei". Não me recordo da roupa que usamos, só me lembro que no meio da madrugada cismamos com os pés de uns coelhos gigantes de um carro alegórico. Os pés dos coelhos eram enormes e a gente riu dias e dias por causa deles. Até hoje eu não entendi, mas continuo achando engraçado. Assim como achei engraçado o fato de tirarmos lições para a vida de 'Bróder'. No cinema, uma olhava para a outra com a certeza de que algumas falas foram escritas para nós. Foi assim na Fashion Week. Vimos juntas a Cia. Marítima e tiramos de lá mais do que lições de moda. Por essas e muitas outras, eu não me importo em entrar em lojas de sapatos em que a Princess experimenta todos os modelos, sabendo que não vai levar nenhum, e gosto de ter ela por perto quando vou fazer uma aquisição audaciosa na Animale. Dener amaria a Princess, primeiro porque ela é fina e tem Cecília no nome, o que me parece muito nobre. Segundo porque ela é uma presença leve, sempre leve. E pensar que a Princess me deu um livro de conselhos de Coco Chanel. Mal sabe a Ana que é com ela que tenho aprendido as lições mais valiosas.

Pensamento fashion de Lenny Kravitz

"Tenho algumas camisetas e calças, e é só jogar uma mangueira nelas, pendurar e girar"

Lenny Kravitz, na 'Rolling Stone' de outubro