sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Gloria Kalil reedita 'Chic'

(crédito: divulgação)

O ano era 1996. O Morumbi Fashion Brasil, precursor da São Paulo Fashion Week, ganhava sua primeira edição. Nas livrarias, a oferta de publicações sobre como se vestir bem era escassa. O que havia não era pensado para as mulheres brasileiras. Nesse cenário, a empresária e consultora de moda Gloria Kalil lançou ‘Chic: Um Guia Básico de Moda e Estilo’. Não demorou e a obra caiu no gosto dos leitores, abriu as portas para um filão e vendeu quase 200 mil exemplares. Quinze anos depois, Glorinha resolveu passar o ‘Chic’ a limpo. Batizado agora de ‘Chic: Um Guia de Moda e Estilo para o Século XXI’, o livro foi revisto e ampliado. “De tempos em tempos, temos de dar uma renovada. E quer saber? Deveríamos fazer isso com a vida”, diz a autora, com quem o JT conversou sobre o lançamento, já nas prateleiras.

A moda está em constante mutação. Passaram-se 15 anos. Por que a atualização ocorre agora? Nunca houve urgência em se fazer uma reformulação a cada ano, por não se tratar de um livro sobre tendências. É uma publicação sobre como uma pessoa olha as tendências e como acha seu estilo. Mas achei que houve ampliações nos conceitos e na flexibilidade da moda. Cabia uma atualização.

Nesses 15 anos o que teve mais impacto no mundo da moda? O abalo de setembro de 2001, a crise econômica de 2008. O conceito do fast fashion também, que apareceu e mudou completamente a estrutura de produção da moda. Isso só para citar três.

Algum tema do primeiro livro perdeu totalmente o sentido?
O capítulo da beleza tirei praticamente inteiro. O assunto virou uma super especialidade. Tudo o que era tratamento naquela época ganhou mais de dois milhões de variações. O que deixei no livro atual são atitudes que você pode ter diante dessa mudança toda, o que você tem de considerar ao fazer determinadas intervenções ou tratamentos, mas não entro nas possibilidades dos tratamentos.

O que mais ficou de fora?
Lembro-me de ter coisas como ‘se você é baixinha, não use acessórios muito grandes’. Acabou isso. Há 15 anos, quase ninguém usava sapatos brancos. Hoje, eles foram incorporados. Eu dizia que bota por fora da calça era de gosto duvidoso. Acabou o gosto duvidoso, não existe mais o conceito gosto. Nessa releitura, ampliei muito o conceito do estilo pessoal. Como eu imaginava, o estilo se impôs sobre a moda. Moda é oferta, estilo é escolha. A moda cada vez mais oferece possibilidades para que você escolha a roupa que mais te representa. Até os anos 50, a moda era muito ditatorial. Se o que era proposto ficasse bem em você ou não, era o que se usava. Quem não usava, não pertencia à sociedade. Hoje se você me perguntar qual é a saia que está na moda, eu vou dizer: para quem é? Tem micro, mini, no joelho, midi, longa. A moda oferece tudo.

O capítulo sobre biótipos agora usa fotos de mulheres reais. Por quê? Quis usar pessoas reais para mostrar que tudo que falamos foi testado, não é chute, não é telefone sem fio. É uma coisa que a gente fez com critérios e dessa vez redobramos os cuidados com os critérios.

Quanto tempo levou para fazer a releitura?
Reescrever é quase como escrever um livro novo. Tirei capítulo, coloquei outras coisas. Levou quase um ano.

Como é a relação dos leitores com o ‘Chic’?
Eu vejo pelos e-mails que recebo, que é sempre a mesma coisa. As pessoas querem saber o que vestir no casamento, no trabalho, saber o que quer dizer traje esporte fino. Quem sabe lê, para ver se ainda é do mesmo jeito, quem não sabe, para ver como é que é.

E o brasileiro, preocupa-se com moda?
Gosta muito, as pessoas amam ver desfile. Você vê o sucesso pela quantidade de programas sobre o assunto, todos os jornais mostram os desfiles em época de semana de moda. Eu até digo, brincando, que a moda é muito mais entretenimento do que indústria, porque fatura muito menos do que parece. Eu entro em um elevador e se tem um homem sozinho, pode ter certeza de que no terceiro ou quarto andar ele vai dar um sorriso e perguntar: “Estou bem?”.

O que tem chamado sua atenção atualmente?
Acho que não estamos em uma fase de muita inovação. Eu tenho gostado mais de acessórios do que das roupas, principalmente dos sapatos.
Para você, o Brasil está na moda? Chegamos lá? Não chegamos a lugar nenhum. Só as Havaianas são conhecidas fora do País. O Brasil está na moda, mas a moda brasileira não tem presença ainda. Pode ter um começo de trabalho, mas dizer que a moda brasileira é um sucesso lá fora, não.

Qual o maior pecado fashion?Acho que o único é ir atrás da moda e se esquecer do próprio estilo.

E a maior prova de elegância?
Tem tudo a ver com a maneira com que você se apresenta, mas também com o conteúdo. Acho impossível ser chique se não tiver um comportamento adequado. Não basta estar bem vestida, tem de ter um conteúdo interno correspondente.

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