domingo, 18 de agosto de 2013

Um passo


Quando a vida anda difícil, complicada mesmo, e nada parece fazer sentido, a gente, ou parte da gente, se desliga. Tudo fica desinteressante. As músicas sem graça se tornam mais chatas, as novelas ficam quase insuportáveis e as comédias românticas parecem verdadeiras maldições das quais não escapamos em um domingo frio e chuvoso (evitar o Telecine Touch é sempre o melhor a se fazer, fica a dica). No meu caso, a ausência de algo (ou alguém) e a tristeza sempre se materializam na falta de vontade de comprar qualquer coisa que seja para mim – menos livros e revistas, claro. Preciso de uma bota há tempos, o inverno veio e com ele uma dor funda que simplesmente não me deixa entrar em uma loja de sapatos e me deleitar como eu sei que faria em outros tempos. Necessito igualmente de um scarpin e de uma sapatilha. Mas cadê a coragem de entrar no templo mor da felicidade se sentindo a última das mortais? Não dá, simplesmente.


Já conformada com essa paralisia fashion, entrei por acaso, assim sem qualquer objetivo, em um shopping de São Paulo. E mais uma vez parecia que a única coisa a me conquistar ali seria um café duplo bem forte. Mas qual não foi a minha surpresa ao quase provar uma saia na Topshop? Não demorou, resolvi não só experimentar uma saia e uma calça em outra loja como acabei saindo com as duas em uma singela sacolinha. Pode parecer bobagem para uns ou algo banal para outros, mas a verdade é que ali eu dei um passo. Apenas um, não foi um salto, nada disso. Mas um passo em direção a mim mesma, um passo rumo a algo que nem sei exatamente o que é, mas um passo que me deixa um pouquinho mais longe dessa tristeza toda. E é de passo em passo que se faz um caminho. E, no meu caso, compra-se o que é preciso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário