Quando a vida anda difícil, complicada mesmo, e nada parece
fazer sentido, a gente, ou parte da gente, se desliga. Tudo fica
desinteressante. As músicas sem graça se tornam mais chatas, as novelas ficam
quase insuportáveis e as comédias românticas parecem verdadeiras maldições das
quais não escapamos em um domingo frio e chuvoso (evitar o Telecine Touch é
sempre o melhor a se fazer, fica a dica). No meu caso, a ausência de algo (ou alguém)
e a tristeza sempre se materializam na falta de vontade de comprar qualquer
coisa que seja para mim – menos livros e revistas, claro. Preciso de uma bota
há tempos, o inverno veio e com ele uma dor funda que simplesmente não me deixa
entrar em uma loja de sapatos e me deleitar como eu sei que faria em outros
tempos. Necessito igualmente de um scarpin e de uma sapatilha. Mas cadê a
coragem de entrar no templo mor da felicidade se sentindo a última das mortais?
Não dá, simplesmente.
Já conformada com essa paralisia fashion, entrei por acaso,
assim sem qualquer objetivo, em um shopping de São Paulo. E mais uma vez
parecia que a única coisa a me conquistar ali seria um café duplo bem forte.
Mas qual não foi a minha surpresa ao quase provar uma saia na Topshop? Não
demorou, resolvi não só experimentar uma saia e uma calça em outra loja como
acabei saindo com as duas em uma singela sacolinha. Pode parecer bobagem para
uns ou algo banal para outros, mas a verdade é que ali eu dei um passo. Apenas
um, não foi um salto, nada disso. Mas um passo em direção a mim mesma, um passo
rumo a algo que nem sei exatamente o que é, mas um passo que me deixa um
pouquinho mais longe dessa tristeza toda. E é de passo em passo que se faz um
caminho. E, no meu caso, compra-se o que é preciso.
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