domingo, 2 de setembro de 2012

"Jamais diga 'eu'! Sempre diga 'nós'!", Diana Vreeland

Algumas pessoas, bem poucas diante da quantidade de gente que vemos aos montes por aí, têm talentos especiais. E nem digo coisas espetaculares como poderes de cura, beleza sem fim, inteligência acima da média. Falo de gente que tem a capacidade de fazer o simples, o necessário, com um toque diferente. Há aqueles que fazem um café divino, outros que são bons em ouvir - simplesmente o talento para a não ação. Conheço gente que é ótima em procurar emprego, ainda que não precise. Outros que são bons de conversa, daquelas que te enriquece sem te dar nada além de algumas palavras. Bom, Diana Vreeland, a supereditora de moda, era assim. Talento especial.


Em uma época em que o photoshop não existia e que tudo parecia mais real, ela não se apertava diante de uma foto de que não gostava. Juntava as pernas maravilhosas de uma modelo com a cabeça de outra, fazia uma montagem daquelas, publicava e era aplaudida. Diana tinha um talento especial para retratar a beleza e o glamour. Glamour esse que batiza o livro que ela lançou nos anos 80 e que reúne uma série de imagens de fotógrafos consagrados e pedaços de textos escritos por ela em um mosaico que tenta explicar o significado do título da obra. Em uma nova e caprichada edição, com prefácio de Marc Jacobs, a publicação voltou às prateleiras no fim do ano passado. Ganhei de presente de Natal, mas o livro foi ficando naquela pilha de próximas leituras. Pois bem, chegou a vez dele. E eu agradeci por ter chegado sua hora em um momento em que preciso tanto de belas imagens e belas palavras para equilibrar a vida que anda cobrando tanta força e coragem da gente. Logo de cara, Diana prova que o talento especial dela ia muito além da moda. 

"Jamais diga 'eu'. Sempre diga 'nós'", dizia ela. Putz, tá aí a essência do talento dela. E, para mim, a essência para ter talento no viver bem. Quando se pensa no outro, por mais piegas e "poliana" que isso possa ser, vai-se em frente melhor. "Não há nada mais aborrecido do que o narcisismo - a tragédia de ser apenas...eu. Qualquer um de nós é capaz disso. E todos conhecemos exemplos de narcisismo - todos belas tragédias", afirma ela em outro momento de "Glamour". Talento para moda, para as palavras e para a vida. Dener certamente amou Diana Vreeland, talvez em silêncio, assim como, de vez em quando, somos obrigados a fazer na vida. Não tem como não amar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário