Um belo trabalho. Apenas.
sábado, 24 de agosto de 2013
Mudanças
Dia desses, mudei o caminho de volta para casa. Não porque
ele ficaria mais curto ou mais rápido, mas porque seria diferente. A urgência em fazer algo que não trouxesse lembranças ou qualquer outro sentimento prévio
veio no ir e vir de dias e semanas em que a única coisa que se quer é que algo
mude (para melhor, por favor). E foi justamente assim, em um ambiente ainda
pouco familiar, que vi nas ruas o boné usado de uma forma que eu só havia visto
na cabeça do Neymar e de tantos outros jogadores de futebol: suspenso na
cabeça, criando um volume extra, como quase que não querendo estar ali. E eram
tantos os meninos com o mesmo estilo que acabei me lembrando do João.
Reprodução/Instagram |
O João
era um garoto bem alto, magro e que amava jogar basquete lá pelos anos 1995.
Estudávamos na mesma escola, e eu era apaixonada por ele e pela cor que seu
rosto ganhava após horas de jogos infinitos. Sem nunca ter ouvido a voz do
João, eu admirei primeiro a maneira simples com que ele se vestia. Era sempre calça
jeans e camisetas lisas, principalmente as brancas e pretas. Ele combinava tudo
de uma maneira de a calça estar sempre quase caindo, embora segura por um
cinto. Nos pés, ele tinha tênis próprios para as muitas horas que ele passava
nas quadras de esporte – ele parecia matar todas as aulas para comparecer a
todas as de educação fisíca do colégio. Fechando o visual, que me parecia
de um bom gosto incrível, ele usava um boné, virado com a aba para trás. Nem
preciso dizer que achava aquilo tudo lindo. Acho que foi ali que entendi que
não era o dinheiro, muito menos a noção de estilo, que fazia de um homem
(menino) um cara interessante. Ele era interessante. Ah, a camiseta branca do
João nunca saiu da minha cabeça, assim como a maneira que ele usava o boné.
Hoje, por aqueles meninos do boné à la Neymar, ele seria visto como um ponto
fora da curva, um sujeito por fora do que é legal. Nessa viagem toda, pensei
nas mudanças. A primeira delas é que atualmente acho terrível o uso de boné,
não há desculpa fashion que alivie um crime desses. A segunda, que o legal
parece ser mesmo usar o acessório de maneira que ele não tenha quase que sua
função original, que é ficar ali, plantadinho na cabeça, e não com jeitão de querer
sair voando por aí. A terceira, bem, essa é sobre a mudança em si. Uma só
alteração no caminho de voltar para casa é capaz de trazer encontros
inesperados com bonés suspensos e memórias que já pareciam esquecidas. Se a maneira
de usar o boné mudou, imagine todo o resto. Só para constar: o João deixou a
escola após todo mundo ficar sabendo que a namorada dele havia ficado grávida.
Nunca mais se ouviu falar dele, muito menos ele foi visto por aí. Mais uma daquelas
mudanças e tanto da vida que deixam qualquer alteração no modo de usar o boné
no chinelo.
domingo, 18 de agosto de 2013
Um passo
Quando a vida anda difícil, complicada mesmo, e nada parece
fazer sentido, a gente, ou parte da gente, se desliga. Tudo fica
desinteressante. As músicas sem graça se tornam mais chatas, as novelas ficam
quase insuportáveis e as comédias românticas parecem verdadeiras maldições das
quais não escapamos em um domingo frio e chuvoso (evitar o Telecine Touch é
sempre o melhor a se fazer, fica a dica). No meu caso, a ausência de algo (ou alguém)
e a tristeza sempre se materializam na falta de vontade de comprar qualquer
coisa que seja para mim – menos livros e revistas, claro. Preciso de uma bota
há tempos, o inverno veio e com ele uma dor funda que simplesmente não me deixa
entrar em uma loja de sapatos e me deleitar como eu sei que faria em outros
tempos. Necessito igualmente de um scarpin e de uma sapatilha. Mas cadê a
coragem de entrar no templo mor da felicidade se sentindo a última das mortais?
Não dá, simplesmente.
Já conformada com essa paralisia fashion, entrei por acaso,
assim sem qualquer objetivo, em um shopping de São Paulo. E mais uma vez
parecia que a única coisa a me conquistar ali seria um café duplo bem forte.
Mas qual não foi a minha surpresa ao quase provar uma saia na Topshop? Não
demorou, resolvi não só experimentar uma saia e uma calça em outra loja como
acabei saindo com as duas em uma singela sacolinha. Pode parecer bobagem para
uns ou algo banal para outros, mas a verdade é que ali eu dei um passo. Apenas
um, não foi um salto, nada disso. Mas um passo em direção a mim mesma, um passo
rumo a algo que nem sei exatamente o que é, mas um passo que me deixa um
pouquinho mais longe dessa tristeza toda. E é de passo em passo que se faz um
caminho. E, no meu caso, compra-se o que é preciso.
Pensamento fashion para começar a semana com a autoestima no lugar
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Pensamento fashion para um quase fim de semana
“Roupas e joias devem ser sempre
surpreendentes. Quando você vê uma mulher com as minhas roupas, quer saber
muito mais sobre ela”
Alexander McQueen
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Assinar:
Postagens (Atom)