quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

SPFW e suas pequenas corrupções


Expressão máxima da moda no Brasil e it place dos fashionistas de plantão, a São Paulo Fashion Week é uma festa para quem ama Vogue, estilistas, tecidos, estampas, cores e afins. Mas por maior que seja a paixão pelos looks e pela passarela, pelos nomões e amigos que se encontra por lá, SPFW também é o lugar em que se vê tantas coisas que deveriam estar fora de moda há séculos.

Não é preciso ficar muito tempo na bienal para ver situações que minam, pouco a pouco, a vontade de estar ali. O desencanto começa logo na entrada. As pessoas se apegam a pequenas corrupções como se elas não fossem um problema e fazem qualquer coisa para entrar sem convite. Vi muita gente evocando nomes de políticos, assessores e até usando uma pequena fama para furar o cerco inicial de seguranças.

Passada essa etapa, tudo tende a piorar. Lá dentro, as pessoas matam e morrem por um brinde que certamente ficará esquecido em poucas horas. Por mais incrível que seja um esmalte, ele certamente custa no máximo uns R$ 5. A não ser os estrelados, como os da Chanel, de R$ 92. Mas acreditem, esses não são dados de brinde. Nunca.

Nas salas de desfile, as corrupções, assim como a importância do momento, crescem. Tem gente que pega o brinde da primeira e fila e some lá trás. Outros não se contentam com seus lugares e pegam os alheios. Sem constrangimento, claro. E sempre tem alguma figura que se acha a Anna Wintour e chega tirando pessoas tranquilas de seus lugares sob a alegação de que aquele pertence a ela. E não estou falando de uma cadeira quase que cativa na primeira fila. Isso acontece na modesta terceira fila, que abriga jornalistas que abastecem sites, jornais e revistas com as informações do desfile.
Quando o show acaba, muita gente, vestida de grifes dos pés a cabeça, com o corte de cabelo do momento e com o sapato mais estiloso do mundo, pula por cima dos outros. E para que? Para certamente entrar em alguma fila. Depois dessa maratona toda, quando se tem vontade de comer alguma coisa, lá dentro não há espaço suficiente e poucas opções. Aí, quem pode e não está trabalhando, vai embora. E foi isso que eu fiz, depois de ver o belo, porém difícil, desfile de Lino Villaventura.

Claro que nem tudo são pequenas e grandes corrupções na SPFW. A gente encontra muitos amigos queridos, dá boas risadas com os looks inspiradíssimos que aparecem a todo instante e ainda tem a sorte de cruzar com gente fina, elegante e sincera que movimenta a moda brasileira. Tipo o fofo do Fause Haten, sempre uma grata surpresa. E isso é sempre bom. Sempre. Assim como é muito bom aquele momento que antecede a entrada das modelos na passarela. Por essas e outras, não tem como não amar a SPFW. Um amor daqueles que pode até dar um certo trabalho em algum momento, mas que faz nosso coração bater mais rápido. Não sei se Dener aprovaria ou não a São Paulo Fashion Week. Não sei se ele gostaria de ficar andando de lá para cá na bienal, já que tinha falta de açúcar no sangue, mas isso a gente nunca vai saber, né? Pena.

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