domingo, 27 de março de 2011

Eu tenho medo das unhas decoradas





Há uns dois anos, as unhas e os esmaltes voltaram com tudo para as páginas de revistas, ganhando espaços privilegiados nos editoriais de moda. Isso até tem uma explicação econômica: depois de uma bela crise financeira, bolsas e sapatos caros precisaram ser substituídos por acessórios mais baratos. Aí entraram os vidrinhos, cada vez mais trabalhados, e as cores, cada vez mais diferentes. Eles vieram suprir a necessidade de consumir sem ter de para isso gastar muito. Mesmo os mais caros, os lançamentos de desejo da Chanel, por exemplo, saem por menos de R$ 100 no Brasil. Ok, pode não ser lá muito barato, mas para objeto de desejo está ótimo.


Desde então, a cada semana -sim, semana-, esmaltes e mais esmaltes novos são lançados. Melhor do que as cores só mesmo os nomes. Adoro quem batiza as cores com sonoros glamour pink, deixa beijar, romã, vermelho ivete, blue satin e por aí vai. Mas no meio de tanta coisa bacana - entre eles, os foscos, que considero a única verdadeira novidade no mundo dos esmaltes, mesmo eu não gostando muito deles-, é que ainda há mulheres que investem em unhas decoradas. Um dos maiores crimes fashion de todos os tempos. Mais uma vez, acredito que só a certeza da impunidade faz com que uma mulher com mais de 15 anos se permita a sair de casa com florzinhas e cristais colados na unha.





Sim, eu já fiz isso. Mas quando era adolescente e, se vale dizer, não demorei a me arrepender. Naquela época, havia tatuagens de unhas, algo meio tribal, e desenhos fofos, como joaninhas e corações vermelhinhos. Crime fashion é crime fashion, mas eu tinha 15 anos. Idade em que a gente se permite mesmo a experimentar para poder chegar à casa dos 30 com a certeza do que nos favorece e do que nos derruba. Por isso a quantidade de unhas decoradas que tenho visto por aí me assusta. E vou dizer: é coisa recente. De uns três meses para cá não tem um só dia em que não vejo as terríveis unhas com pedrinhas, decalques e florzinhas desenhadas com ponta de palito (sim, eu conheço a técnica).


Independentemente de estarem coloridas, unhas têm de ser apresentáveis. Passa uma ideia do quanto a pessoa se importa com ela mesma e se cuida. Aprendi isso com minha sábia mãe. E definitivamente, não quero que ninguém me associe a florzinhas e corações fofos, muito menos aos tribais horríveis que já usei no passado. Não julgo quem usa, mas se a pessoa soubesse o efeito que uma cor clássica ou mesmo um esmalte incolor, uma boa e velha misturinha que seja, tem na composição de um look, seja ele qual for, jamais correria o risco de sair por aí com uma moda tão repreensível. E olha que já era repreensível nos idos anos 90.




Dener, ah, Derner certamente colocaria as unhas decoradas em sua famosa lista de coisas que abominava. "Sinônimos de cafonice: calça justa de helanca, sapato e vestido de vedete, amor ao meio-dia (essa eu não entendi, confesso). Agnaldo Rayol cantando ópera, pulseira usada sobre luva, feijoada aos sábados (ah, Dener, a gente ama feijão), maquiagem em praia (gênio), festa de boate, sair em coluna social (ele bem gostava, acho), terno branco à noite, gumex no cabelo". Pronto, ele falou.

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