domingo, 3 de julho de 2011

A Bella Virgínia Garbin


(Provando que está em dia com a leitura da 'Vogue', Virgínia abusa do azul klein. finaaaa)



O ano era 2007. A pauta uma entrevista coletiva sobre o retorno de Vila Sésamo à TV Cultura. Há pouco tempo trabalhando em um novo jornal, encontrei pela primeira vez minha amiga Virgínia Garbin, ali, na rua Cenno Sbrighi. Não éramos amigas ainda, é verdade. E foi um encontro rápido. As duas esperavam pelo carro de seu respectivo jornal - dias depois, descobri que ela também estava começando por lá, vinda de outro Estado. Mas a conversa não foi sobre nossos primeiros dias em um grande jornal, mas sim sobre Elmo, o boneco vermelho da Vila Sésamo, que havíamos acabado de ganhar, febre naquele ano, principalmente fora do País. A graça é que ele não parava de repetir: "ah, deixa o Elmo quietinho", enquanto se acabava numa demorada e gostosa gargalhada (confesso que tenho o meu até hoje).


Nova no jornal, era mandada para uma série de pautas fora da redação. Sorte minha, que acabei encontrando a Virgínia em todos os lugares. De ensaio do 'Criança Esperança' a fila de inscrição para reality show musical (nessa ocasião, ele fingiu ser uma candidata do programa e se escondeu de mim na fila. A matéria ficou incrível, e eu a perdoei por ter feito a egípcia), passando por festas e coletivas de novelas da Globo. Não demorou muito, éramos amigas. E nosso primeiro passeio foi uma tarde de compras - o que poderia ter colocado tudo a perder, já que não são todas as pessoas que se dão bem num passeio como esse. Pode parecer banal, mas compras, na minha opinião, são muito pessoais. Não dá para se imaginar mostrando um vestido novo ou qualquer nova aquisição para quem não se gosta ou não se tem afinidade.


No nosso caso, deu certo. Lembro até hoje das coisas que compramos: eu, uma calça pantalona cinza e um peep toe preto de salto de barulho irritante. Tenho os dois ainda. Já a Bella levou para casa uma bota estilo montaria, linda, linda, linda, que jura usar, mas que nunca mais vi. Naquele dia, trocamos nosso primeiro presente. Combinamos que cada uma compraria uma camiseta que a outra tivesse gostado. Também tenho essa até hoje.


Uma vez, acho que em 2008, fomos ao Festival de Cinema de Paulínia. Minha animação para ir era menos 22, quando descobri, ao chegar no ponto de encontro da saída do ônibus, que a Bella estava na lista da viagem. Pronto. Passei a amar a pauta. Ela sempre teve esse poder, que atribuo a pessoas especiais, de mudar o meu dia. Fomos falando da rua Augusta até Paulínia, sem parar, claro. Ao chegar no hotel, eu de calça jeans, camiseta e tênis all star, e Bella com um figurino parecido, mas ao menos com uma sapatilha, ficamos desesperadas. Descobrimos que o convite, que a gente sequer havia lido, pedia traje de gala. Claro, era a abertura do festival, mas estávamos ali para fazer a cobertura, não precisávamos nos preocupar, tentávamos convencer a nós mesmas, repetindo isso sem parar.


Nenhum problema se as jornalistas que estavam junto não tivessem trazido malas e mais malas de roupas. Rimos por horas no quarto do hotel, acho que de nervoso. Mas não havia o que fazer. Teríamos de entrar na van que levaria nós, de jeans, e encarar as meninas, que estariam belíssimas em seus vestidos de noite. Mas a tensão passou rápido, no minuto exato em que vimos a turma que estava de gala. Graças a Deus estávamos mais para galo do que para gala. Repetimos o dress code na semana seguinte, quando fomos cobrir o encerramento do festival. Dessa vez, achei melhor deixar o all star em casa. Afinal de contas, uma das minhas missões era entrevistar Tony Ramos. E Tony Ramos é uma coisa que a gente respeita. Fui de scarpin.


Trabalhando em jornais que eram concorrentes diretos, eu e Virgínia sempre conversávamos sobre nossas pautas, sem sequer se preocupar com isso porque, no fundo, sabíamos, ainda que nunca tivéssemos falado sobre isso, que uma jamais iria pegar a ideia da outra. Isso se chama confiança. Uma vez, no Rio, alguns jornalistas disseram não acreditar em nossa amizade, assim tão próxima, numa coletiva em que pessoas matavam e morriam para entrevistar um ator de destaque e sair com algo exclusivo. Eu e Bella, na realidade, "disputávamos" uma informação mais valiosa para matérias que deveriam ser publicadas no mesmo dia. Sempre, no entanto, com respeito. Muito.


E é com esse respeito todo que vi minha amiga sair do jornalismo diário para encarar uma assessoria de imprensa. Com esse mesmo respeito, ela se prontificou a passar ao meu lado um sábado que eu apagaria fácil da memória, dizendo belas palavras e me fazendo gargalhar e ainda me dando mimos da Lancôme e Victoria's Secret. Dia desses, liguei para ela, pedindo que me encontrasse para conversar depois do trabalho. Mais uma vez, ela provou o poder de transformar um dia. Fui para casa feliz, feliz, depois de horas meio cinza. E o melhor, com uma das frases que só a Virgínia consegue dizer. "Bella, nossa amizade não é de vidro". Oi? Aí, eu pergunto, tem como não amar a Virgínia Garbin? Eu simplesmente não consigo.

2 comentários:

  1. Eu sinto tanta saudade da Virginia! Embora a gente até tenha contato, sinto muita falta dela cobrindo as pautas com a gente!

    Inveja de vcs, que se encontram qdo querem!

    Bjo pra dupla!

    Márcio Maio.

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  2. Mais uma coisinha: eu sempre quis fazer uma matéria como essa da Virginia no reality musical! Sempre! Mas de ir até o teste, só para ver como seria a sensação. Algo tipo "eu passei por isso". Assim como queria uma de figurante por um dia. Mas acho q hoje já tenho uma cara batida demais no meio para conseguir passar sem ninguém reconhecer. Pelo menos em novelas e seriados da tv aberta gravados no Rio...

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