domingo, 30 de outubro de 2011
Não dá para escolher só um
O fato de não desejar nenhum com certeza é quase inédito para mim. Eu sempre sei o que quero. Ou costumava saber. De uns tempos para cá não dá mais para ser prática na hora da compra. Todas as lojas se esmeram demais, o que torna a vida daquela que pode apenas levar um par - no máximo dois - para casa bem complicada.
Na dúvida, flerto com todos os sapatos que acho que compraria se tivesse muito dinheiro - troco olhares apaixonados nas vitrines da Arezzo, Via Uno, Corello, Dunes, Luz da Lua, Lefisk, Capodarte e Dumond. Esse namoro unilateral leva horas, aí eu desisto, compro um livro e vou ao cinema. O resultado? menos sapatos, mais livros na pilha do que tenho para ler e a certeza de que é mais fácil escolher quando o assunto é a Sétima Arte. Dener, ah, acho que ele aprovaria a oferta de modelos, principalmente os mais chamativos. Acho que esse era o jeitinho dele, mas isso a gente nunca vai saber. Certo mesmo é que sapatos podem salvar um dia, uma semana e eu arriscaria dizer uma vida. Cinderela que o diga, né?
Decreto fashion de Caroline de Maigret
Pensamento fashion do mestre das tesouras
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Justo agora?
Pensamentos fashion da Vogue América de outubro
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Cesta básica fashion
ANA CAROLINA RODRIGUES
A equipe de desenvolvimento têxtil está em reunião. No encontro, uma pesquisa sobre as principais tendências de moda – leia-se tudo aquilo que tem potencial para se tornar desejo imediato – é encomendada. Apresentado tempos depois, o estudo fornece as possíveis (e com sorte, certeiras) apostas da próxima estação. Está tudo lá: cores, tecidos e estampas que nortearão a nova coleção.
O ciclo descrito acima, que se repete a cada temporada e leva até um ano para ser concluído, bem poderia ser o resumo do processo de criação de uma famosa grife ou de uma grande rede de fast fashion. Mas, na verdade, diz respeito ao Extra. Sim, o Extra Supermercado. E ele não está sozinho nessa. As redes Carrefour e Walmart também dedicam cada vez mais atenção ao que chamam de setor têxtil – as empresas não revelam valores investidos na área.
Aos olhos apressados de quem entra nas lojas em busca de comida, produtos de higiene e limpeza, as roupas em exposição podem até parecer um conjunto meio sem graça de camisetas básicas, meias e moletons. Basta, no entanto, um olhar detalhado para encontrar peças em sintonia com aquelas das vitrines dos shoppings e das capas de revista.
“Cada vez mais, estamos valorizando o espaço têxtil, investindo no layout, na exposição das peças, nos manequins que trazem sugestões de combinações”, conta Sidnei Fernandes Abreu, diretor comercial de têxtil do Extra. A preocupação vai além: a divulgação das novas roupas, antes tímida, ganhou reforço. “Para a nova coleção, o Extra trouxe uma revista de 28 páginas, com 130 peças”, conta Abreu. Só para as fotos, foram necessários quatro dias de trabalho.
No Walmart, o setor também é coisa séria e ocupa 12% do total das lojas, espaço em que cinco marcas próprias são comercializadas. Uma delas, a Simply Basic Plus, é destinada a pessoas que usam tamanhos até 54, no caso das mulheres, e 56, para os homens. Além das etiquetas próprias, o Walmart tem ainda parceria com a Fatal Surf (surf wear) e a Sawary (jeans). “O processo de criação é feito internamente por designers que realizam pesquisas internacionais por meio de viagens e análises de tendências, além de acompanhamento de desfiles e workshops feitos regularmente na Inglaterra, com a equipe da Asda (braço do Walmart no Reino Unido) e responsável pela licença da marca George (que atende ao público masculino e feminino da loja com peças contemporâneas)”, diz Cesar Roxo, diretor do departamento têxtil do Walmart Brasil.
Com linhas de roupas para todas as faixas etárias, o Carrefour também conta com uma área de estilo afinada com as últimas novidades das passarelas. Em seus cabides, há de tudo um pouco: desde camisetas e jeans até vestidos e looks para o trabalho. Acessórios, calçados e moda íntima são outros itens que aparecem no setor têxtil da rede – espertamente, posicionado na entrada das lojas.
Febre dos carrinhos
As “roupas de supermercado” não ganharam mais espaço apenas nos estabelecimentos. Cresce o número de consumidores antenados com o universo fashion que compram peças nas redes. E o melhor: não têm pudor em revelar a origem dos looks. Caso da modelo e apresentadora Gianne Albertoni, de 30 anos, rosto que já estampou várias capas de revistas com roupas das mais grifadas.
Pois ela é uma das que gostam de garimpar essas prateleiras. “Já comprei roupa em supermercados várias vezes, em São Paulo e em outros lugares do mundo por onde passei a trabalho”, conta Gianne, que aposta em itens básicos do vestuário em suas compras. “O importante é saber procurar bem”, aconselha a modelo, fã assumida das grandes lojas. “Eu adoro. Vejo item por item com calma. Normalmente, vou à noite e chego a passar horas lá.”
A loira dá duas dicas infalíveis para encher o carrinho ou a cestinha sem medo. “Prefira as peças casuais. Se quiser uma roupa para festa, opte pelos modelos mais básicos e sem estampas”, diz. E emenda: “Deve-se pensar se os itens escolhidos são realmente essenciais para o seu guarda-roupa”.
A consultora de moda Ana Paula Pedras, de 25 anos, também dá suas voltinhas entre as araras dos supermercados e diz que acha coisas bacanas. “Já comprei camisetas, vestidinhos e um suéter”, conta ela, que aponta o preço como fator decisivo da compra. “Se o preço não compensar, é melhor esperar e visitar uma loja de roupas com mais opções e estrutura”, ensina.
A estudante Victória Rocha, de 19 anos, vê nos hipermercados o ambiente ideal para looks originais. “Como não são todas as pessoas que se interessam, você quase não vê ninguém com a mesma roupa”, diz Victória, cuja peça mais cara que comprou em lojas do gênero custou R$ 35,90.
No caso da stylist Marcia Jorge, dois lenços de seda coloridos chamaram sua atenção em uma ida ao supermercado. Ela não teve dúvida: entrou para a turma que compra peças de vestuário por lá. “Eles ficam o máximo, usados no pescoço ou na cabeça. Foi um achado sensacional”, diz ela, que espera que a oferta de peças das lojas cresça. “Já pensou um estilista cool fazer uma coleção exclusiva para algum supermercado?.”
O stylist Arlindo Grund, que ainda não se aventurou pelos cabides dos hipermercados, “por falta de oportunidade”, atesta que dá para montar boas composições nesses estabelecimentos. “Principalmente, se você conhece seu corpo e suas características”, observa ele. A consultora de imagem Andrea Muniz afirma que é preciso atenção redobrada na hora da compra. “Tem de ficar atenta às costuras. Provar as peças é primordial.” Dicas anotadas, é hora de encarar o supermercado com outros olhos e, quem sabe, abastecer o carrinho de produtos de primeira necessidade… fashion.
domingo, 9 de outubro de 2011
E o telefone toca às nove da manhã. Quem será?
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Pensamento fashion para uma sexta-feira cheia de esperança de outubro
"Salvatore Ferragamo fez ternos muito bons sob medida para mim. Atualmente, nesta turnê de divulgação do filme, estou usando mais Lanvin. Também tenho muitos outros ternos feitos por um italiano chamado Isaia. Poucas conhecem a marca, mas eu sei que George Clooney e Brad Pitt usam. É quase como se eu não pudesse contar isto para ninguém. Veja você, ao ganhar o título de ‘Homem Mais Sexy do Mundo’ você entra para um clube e o mundo se abre para você (risos)"
Hugh Jackman, na GQ britânica
Gloria Kalil reedita 'Chic'
O ano era 1996. O Morumbi Fashion Brasil, precursor da São Paulo Fashion Week, ganhava sua primeira edição. Nas livrarias, a oferta de publicações sobre como se vestir bem era escassa. O que havia não era pensado para as mulheres brasileiras. Nesse cenário, a empresária e consultora de moda Gloria Kalil lançou ‘Chic: Um Guia Básico de Moda e Estilo’. Não demorou e a obra caiu no gosto dos leitores, abriu as portas para um filão e vendeu quase 200 mil exemplares. Quinze anos depois, Glorinha resolveu passar o ‘Chic’ a limpo. Batizado agora de ‘Chic: Um Guia de Moda e Estilo para o Século XXI’, o livro foi revisto e ampliado. “De tempos em tempos, temos de dar uma renovada. E quer saber? Deveríamos fazer isso com a vida”, diz a autora, com quem o JT conversou sobre o lançamento, já nas prateleiras.
A moda está em constante mutação. Passaram-se 15 anos. Por que a atualização ocorre agora? Nunca houve urgência em se fazer uma reformulação a cada ano, por não se tratar de um livro sobre tendências. É uma publicação sobre como uma pessoa olha as tendências e como acha seu estilo. Mas achei que houve ampliações nos conceitos e na flexibilidade da moda. Cabia uma atualização.
Nesses 15 anos o que teve mais impacto no mundo da moda? O abalo de setembro de 2001, a crise econômica de 2008. O conceito do fast fashion também, que apareceu e mudou completamente a estrutura de produção da moda. Isso só para citar três.
Algum tema do primeiro livro perdeu totalmente o sentido?
O capítulo da beleza tirei praticamente inteiro. O assunto virou uma super especialidade. Tudo o que era tratamento naquela época ganhou mais de dois milhões de variações. O que deixei no livro atual são atitudes que você pode ter diante dessa mudança toda, o que você tem de considerar ao fazer determinadas intervenções ou tratamentos, mas não entro nas possibilidades dos tratamentos.
O que mais ficou de fora?
Lembro-me de ter coisas como ‘se você é baixinha, não use acessórios muito grandes’. Acabou isso. Há 15 anos, quase ninguém usava sapatos brancos. Hoje, eles foram incorporados. Eu dizia que bota por fora da calça era de gosto duvidoso. Acabou o gosto duvidoso, não existe mais o conceito gosto. Nessa releitura, ampliei muito o conceito do estilo pessoal. Como eu imaginava, o estilo se impôs sobre a moda. Moda é oferta, estilo é escolha. A moda cada vez mais oferece possibilidades para que você escolha a roupa que mais te representa. Até os anos 50, a moda era muito ditatorial. Se o que era proposto ficasse bem em você ou não, era o que se usava. Quem não usava, não pertencia à sociedade. Hoje se você me perguntar qual é a saia que está na moda, eu vou dizer: para quem é? Tem micro, mini, no joelho, midi, longa. A moda oferece tudo.
O capítulo sobre biótipos agora usa fotos de mulheres reais. Por quê? Quis usar pessoas reais para mostrar que tudo que falamos foi testado, não é chute, não é telefone sem fio. É uma coisa que a gente fez com critérios e dessa vez redobramos os cuidados com os critérios.
Quanto tempo levou para fazer a releitura?
Reescrever é quase como escrever um livro novo. Tirei capítulo, coloquei outras coisas. Levou quase um ano.
Como é a relação dos leitores com o ‘Chic’?
Eu vejo pelos e-mails que recebo, que é sempre a mesma coisa. As pessoas querem saber o que vestir no casamento, no trabalho, saber o que quer dizer traje esporte fino. Quem sabe lê, para ver se ainda é do mesmo jeito, quem não sabe, para ver como é que é.
E o brasileiro, preocupa-se com moda?
Gosta muito, as pessoas amam ver desfile. Você vê o sucesso pela quantidade de programas sobre o assunto, todos os jornais mostram os desfiles em época de semana de moda. Eu até digo, brincando, que a moda é muito mais entretenimento do que indústria, porque fatura muito menos do que parece. Eu entro em um elevador e se tem um homem sozinho, pode ter certeza de que no terceiro ou quarto andar ele vai dar um sorriso e perguntar: “Estou bem?”.
O que tem chamado sua atenção atualmente?
Acho que não estamos em uma fase de muita inovação. Eu tenho gostado mais de acessórios do que das roupas, principalmente dos sapatos.
Para você, o Brasil está na moda? Chegamos lá? Não chegamos a lugar nenhum. Só as Havaianas são conhecidas fora do País. O Brasil está na moda, mas a moda brasileira não tem presença ainda. Pode ter um começo de trabalho, mas dizer que a moda brasileira é um sucesso lá fora, não.
Qual o maior pecado fashion?Acho que o único é ir atrás da moda e se esquecer do próprio estilo.
E a maior prova de elegância?
Tem tudo a ver com a maneira com que você se apresenta, mas também com o conteúdo. Acho impossível ser chique se não tiver um comportamento adequado. Não basta estar bem vestida, tem de ter um conteúdo interno correspondente.