domingo, 15 de janeiro de 2012

Bolsa também é coisa de homem

Matéria minha publicada no Jornal da Tarde, dia 15 de janeiro

Primeiro elas apareceram timidamente nas passarelas internacionais, criando um certo estranhamento na ala masculina. Em seguida, ganharam espaço cativo nas semanas de moda – nas lá de fora, representadas por grifes de peso como Prada, Hermès, Gucci e Louis Vuitton. Naturalmente, foram, ainda que pouco a pouco, conquistando as temporadas brasileiras e alguns adeptos nas ruas. Agora, as bolsas masculinas chegam ao ápice de sua popularidade, marcando presença até na novela das 9 da Globo. Sim, não é por acaso que o chef Renê, personagem de Dalton Vigh em ‘Fina Estampa’, não larga seu modelo tiracolo.



Os homens se renderam de vez ao acessório – até há pouco tempo, associado exclusivamente às mulheres. Mas é bom lembrar: muito antes de esse fato estar ligado a uma vontade de seguir tendências, o desejo masculino pelas bolsas está afinado com a atualidade. “O homem pensa muito nos acessórios de forma funcional e isso hoje virou necessidade pela quantidade de objetos que temos de carregar, como rádio, celular e laptop”, explica o consultor de moda Gustavo Sarti. Adepto das bolsas há um bom tempo, o stylist e apresentador Arlindo Grund concorda. “Saio de casa cedo e só volto à noite. Preciso de espaço para os tablets, fios, carregadores.”


Soma-se à funcionalidade do acessório a diminuição do preconceito da ala masculina no que diz respeito a adotar e incorporar a bolsa ao seu dia a dia. “Acho que nossa cultura é um pouco machista, mas estou vendo muitos homens aderindo às bolsas carteiro, o que já é um grande avanço”, assinala Grund. A consultora de imagem Andrea Muniz acha que o que faltava era informação, ou seja, ter a noção de que se trata de um acessório pop e não restrito a um só grupo ou estilo de homem. “Uma boa é dar um pulinho nas lojas para ver os modelos de perto, experimentar e, como já aconteceu com clientes meus, garanto que o preconceito vai embora.”
E seguindo as leis do mundo fashion, quanto mais a bolsa masculina ganha espaço, mais tipos do acessório pipocam nas passarelas e vitrines. Ainda que o modelo estilo carteiro – ou tiracolo – seja o mais popular, as grifes têm ousado. Bolsas de mão, algumas até com forte inspiração nas carteiras femininas, têm dado as caras.


Bons exemplos foram vistos em setembro do ano passado, nos desfiles da Marc by Marc Jacobs, em Nova York, e da Topman, em Londres. No primeiro, o acessório surgiu com suas alças encurtadas propositalmente. No segundo, e bem mais audacioso, apareceu em dimensão mínima e com possibilidade de ser transportado apenas pelas mãos. “Esse tipo se encaixa para homens mais criativos, que usam looks diferenciados”, diz a personal stylist Titta Aguiar. Arlindo Grund vai mais longe: “Acho que só os fashionistas e formadores de opinião aderem a essa moda”.


Por aqui, marcas como Reserva e Osklen traduzem de maneira cool a atual tendência, que pode ser encontrada também, em estilos e materiais igualmente interessantes, em redes de fast fashion. Independentemente da etiqueta e do modelo escolhidos, a bolsa tem de combinar com o estilo de seu dono e, acima de tudo, ser feita de um ótimo material. Couro é sempre a melhor aposta. Bom também ficar atento ao fato de que, embora sejam ótimas substitutas de mochilas, pastas e, principalmente, bolsos abarrotados, as bolsas masculinas têm lá suas restrições dependendo do ambiente em que transitam. Em locais extremamente formais, pastas seguem como a melhor opção. Em festas que pedem trajes sociais, o melhor é deixá-las em casa também. Diante de tudo isso, basta se acostumar com o acessório e tirar o melhor proveito dele. “Comece pelas bolsas clássicas e vá evoluindo”, recomenda Arlindo Grund.

Nenhum comentário:

Postar um comentário