terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Etiqueta tipo exportação

Matéria minha publicada dia 21 de janeiro no 'Jornal da Tarde'

Desde o momento em que o primeiro look da Herchcovitch, marca de jeans capitaneada por Alexandre Herchcovitch, tomou a passarela do Fashion Rio, no dia 10, o Brasil respira a moda nacional. Da temporada carioca, que foi até o dia 14, as atenções se voltaram para a São Paulo Fashion Week, abrigada até terça-feira no prédio da Bienal, no Parque do Ibirapuera. E se os 29 desfiles programados nos seis dias de SPFW – mais os 24 ocorridos no Rio – não são suficientes para provar que o universo fashion nacional está mais aquecido do que nunca, o espaço e prestígio conquistados por brasileiros no exterior ajudam a entender a repetição da máxima “o Brasil está na moda”, espécie de mantra entre os fashionistas.
Há dez anos, Isabela Capeto, de 37, viu pela primeira vez uma criação sua – uma jaqueta – singrar mares e ir parar nas araras da Browns, famosa loja de Londres. Muitos desfiles internacionais depois e atualmente vendendo peças para Estados Unidos, Japão e Espanha, ela prepara os últimos detalhes para ocupar um corner recheado de produtos que levam sua assinatura na festejada loja de departamento americana Macy’s.
“Algumas coisas ainda estão em desenvolvimento, mas teremos itens de moda e alguns da linha casa (de decoração)”, conta Isabela, que preparou bolsas de tecido especialmente para a ocasião. “Fiquei superfeliz de ser convidada por uma loja tão antiga e tradicional”, diz ela, que há cerca de 7 meses foi recrutada para a missão.
Isabela, que se formou na Itália e trabalhou em grifes nacionais como Maria Bonita e Lenny, diz ser perceptível o aumento da atenção dada à moda brasileira desde 2003, quando inaugurou seu ateliê. “Nossa economia mudou e acho que não só a moda brasileira está em alta – as artes, a música, a culinária também”, analisa a estilista. “Eu me lembro que há 20 anos, quando dizia que tinha feito faculdade fora, as pessoas achavam que no exterior tudo era melhor. Hoje isso mudou. O Brasil é visto como produtor de uma moda supermoderna, bacana e feita por um povo muito criativo.”
Isabela já está escalada para mostrar seus bordados em Portugal no meio deste ano, durante uma semana cultural europeia. “Na visão das pessoas, os desfiles de Paris e Nova York são os melhores, mas estou morrendo de vontade de fazer um desfile em Bogotá”, confessa, de olho no futuro.

Menino prodígio
Filho de dois nomes sagrados da moda nacional – o ex-casal Gloria Coelho e Reinaldo Lourenço –, Pedro Lourenço, de 21 anos, tem peças com sua etiqueta espalhadas por Londres, Estados Unidos, China e Milão.
A primeira incursão do estilista nas passarelas francesas ocorreu em março de 2010, quando apresentou em Paris sua coleção de outono/inverno. Responsável pela abertura das apresentações da sexta-feira na São Paulo Fashion Week, Pedro não para.
No fim de fevereiro, ele fará parte do projeto The Vogue Talents Corner, que seleciona e apoia novos estilistas e, mais do que isso, expõe e coloca à venda as peças no e-commerce The Corner, uma vitrine e tanto no mundo fashion. “Lidar com o mercado internacional faz com que a cada coleção eu aprimore shapes e materiais de acordo com os desejos e necessidades de cada lugar. É importante aprender as diferenças, mesmo que sutis, da mulher de cada país”, diz o estilista, para quem o mundo está olhando para o Brasil. “Isso me dá mais oportunidades, mas sou um designer global, a influência brasileira no meu trabalho é subjetiva”, diz ele, que se divide entre São Paulo e Paris. “Mas produzo minhas roupas 100% aqui.” Sorte nossa.

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