quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ah, o Chanel Nº5



Quando deu a Ernest Beaux a missão de criar um perfume artificial em 1920, Coco Chanel sabia o que queria: ela estava em busca de uma composição que fugisse de aromas naturais, que não se fixavam muito na pele, como o das rosas. Ele fez seis tentativas, ela aprovou o de número 5 por ser o mais duradouro de todos e por ser o que mais tinha a ver com sua personalidade. Desde então, o mítico vidrinho, que ganhou uma aura sexy graças a Marilyn Monroe (segundo ela, a única coisa que usava na hora de dormir era uma gotinha do perfume), persiste nas prateleiras das perfumarias, nos quartos de diferentes gerações de mulheres e no imaginário coletivo de todo fashionista.

Eu sempre gostei do aroma do Chanel Nº5, mas por um motivo que não sei explicar, por muito tempo, achei que os melhores perfumes do mundo eram o Ange ou Demon, da Givenchy, e o J'adore, da Dior. Isso até eu ganhar um Chanel. Não é preciso ser um entendedor de perfume para saber que há algo especial ali. A embalagem, a cor do líquido. Tudo é diferente. Mas não é um perfume fácil. Escolhi estrear meu Chanel Nº5 num dia difícil, no fim do ano passado. Estava triste, sem vontade de me arrumar. E o perfume não ajudou em nada a melhorar meu ânimo. Na segunda vez, foi a mesma coisa. Até que eu resolvi dar um tempo. E aí foi incrível. Tudo se acertou. Meu humor, minhas roupas, meu perfume. O Chanel é assim. Ele não se adapta a você. É justamente o contrário. Imagino que por isso Coco elegeu ele e não os outros cinco para levar seu nome. O aroma, acredito, carrega a identidade da personalidade dela.


Apesar de não ser um perfume fácil, ele é certamente um dos mais encantadores e marcantes que existe. Não por acaso, há um dado quase econômico que ilustra bem o sucesso do Chanel Nº5: a cada trinta segundos, um frasco do perfume é vendido no mundo. Mesmo não estando no mood perfeito para usar Chanel neste momento, sim, porque é preciso estar em dia com a autoconfiança e autoestima para sair exalando o aroma por aí, eu vou insistir. Até porque acho que Coco faria exatamente a mesma coisa. E nunca se sabe. Tão poderoso como é, um Chanel Nº5 pode muito bem mudar um dia, uma semana, um mês. Talvez até salvar um dia, uma semana ou um mês arrasados por uma dor súbita e profunda. Não sei. Dener, que uma vez afirmou, humildemente, claro, "sou a Coco Chanel da moda brasileira", aprovaria o mítico Chanel Nº5. E desaprovaria qualquer tipo de tristeza, é bom que se diga. "Não digam que estou na fossa. Tenho horror a tais estados de espírito". Tá bom, Dener.

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